Seca e ventania trazem ‘mar de folhas’ coloridas nas calçadas do Rio; entenda o fenômeno thumbnail
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Seca e ventania trazem ‘mar de folhas’ coloridas nas calçadas do Rio; entenda o fenômeno

Dias sem chuva levaram as árvores a disparar mecanismo de proteção, o que muda o tom da folhagem. Tempo vira no estado nesta sexta-feira. Folhas de amendoeiras caem no Jardim de Alah, na Zona Sul do Rio
G1 Rio
O veranico em pleno inverno e a estiagem no Rio transformaram as árvores cariocas. Ao longo desta semana, enquanto a temperatura batia 37 graus e não choveu, a copa das amendoeiras mudou de cor. Já as mangueiras floriram.
Com a ventania desta quinta-feira (26), folhas de diferentes tons pararam no chão, formando um mar esverdeado-alaranjado-avermelhado nas calçadas e ruas do Rio – dando trabalho para faxineiros e garis.
As rajadas de até 70 km/h anunciaram a vinda de uma frente fria, que a partir desta sexta-feira (27) deixará o tempo chuvoso pelo menos até terça (31) e encerrará dez dias de seca.
O biólogo Izar Aximoff, doutor em botânica, explicou que cada árvore tem sua estratégia diante de dias quentes e secos. “Tem gente que prefere o calor do verão, outros gostam mais do frio e a seca do inverno. Com as plantas funciona assim também.”
“Um dos mecanismos de defesa para não sofrer tanto com a seca é perder as folhas ou ter folhas adaptadas, como os cactos”, disse.
“Quanto menos folhas, menor a perda de calor e de água”, destacou.
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No alto da imagem, copa de amendoeira mudando de cor; abaixo, mangueira florida
Izar Aximoff/Arquivo pessoal
A mudança de cor das amendoeiras, segundo Aximoff, tem a ver com a clorofila — ou a falta dela. Esse reequilíbrio é para poupar nitrogênio até a brotação de folhas novas.
“Hormônios vegetais induzem a redução da clorofila, e o que fica na folha são pigmentos avermelhados, como os carotenos, antes de elas caírem”.
Sem clorofila, acrescentou o biólogo, “as folhas perdem a capacidade de fazer fotossíntese e em seguida caem”.
O vento forte acelera esse processo, sacudindo os galhos, e as folhas mais fracas se soltam com facilidade.
Uma vez que a folha perde o verde, ela está fadada a cair — mas logo vêm os brotos, e a chuva ajuda nessa “troca de roupa”.
Já as mangueiras e os ipês florescem no período de seca. “Produzindo as flores agora, a mangueira produz os frutos no início das chuvas. Como ela precisa de muita água e energia para frutificar, o início da floração no final da seca faz sentido”, ensinou Aximoff.
Aximoff diz que amendoeiras, que não são nativas do Brasil, chegam a viver 50 anos em média.
Fotos
Fileira de amendoeiras em Ipanema
G1 Rio
Mar de folhas no Maracanãzinho
Janaína Carvalho/G1
Amendoeira alaranjada na Rua General Polidoro, em Botafogo
Eduardo Pierre/G1
Jardim de Alah, entre Ipanema e Leblon
G1 Rio
Mar de folhas na 20ª DP (Vila Isabel)
Janaína Carvalho/G1
Árvore pelada na Rua da Passagem, em Botafogo
Eduardo Pierre/G1
Chão de folhas no Jardim de Alah
G1 Rio

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