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Biden bane agrotóxico por ter uso associado a danos neurológicos em crianças

Clorpirifós é permitido no Brasil. Exposição pré-natal ao pesticida pode levar a recém nascidos abaixo do peso e crianças com QI menores. Aplicação de agrotóxico feita por avião.
GloboNews
O governo Biden anunciou na quarta-feira que está banindo dos Estados Unidos um agrotóxico comum, amplamente usado em frutas e vegetais, o Clorpirifós. O motivo é que o componente tem sido associado a danos neurológicos em crianças.
O inseticida tem permissão para uso no Brasil há mais de 50 anos e é aplicado em produtos, como o algodão, café e tomate, ajudando a espantar pragas como broca-do-café e formigas.
O banimento do produto deve entrar em vigor nos Estados Unidos em seis meses, segundo uma ordem de abril do Tribunal de Apelações do Nono Circuito que dirigiu a Agência de Proteção Ambiental (E.P.A, sigla em inglês). A regra apenas não entrará em vigor se houver comprovação da segurança do componente.
Organizações ambientais, defensores da saúde e grupos que representam trabalhadores agrícolas norte-americanos buscam interromper o uso do Clorpirifós desde que estudos mostraram que a exposição ao pesticida estava ligada a diversos problemas em crianças, como recém nascidos abaixo do peso e redução do QI. De acordo com os estudos, esses efeitos se devem à exposição pré-natal ao pesticida.
A nova regulamentação do inseticida, ainda permite sua aplicação em usos não alimentares, ou seja, em campos de golfe, relva, bem como em iscas para baratas e tratamento de formigas.
Com isso, estima-se que 90% do uso do agrotóxico deixará de existir no país.
Qual o problema?
O Clorpirifós combate os insetos ao atingir o funcionamento de um neurotransmissor fundamental ao sistema nervoso central, a acetilcolina, componente que também é presente no organismo humano.
Além disso, o agrotóxico é um perturbador hormonal que atinge a tireoide, órgão que produz hormônios das mulheres grávidas que são fundamentais para o desenvolvimento do cérebro do feto.
De acordo com os estudos, os riscos são diretamente proporcionais à exposição direta ao produto. Uma das pesquisas, realizada nos Estados Unidos em 2019, demonstrou o aumento da frequência de autismo e lesões cerebrais em filhos de mães que viviam a menos de 2 quilômetros dos locais de pulverização.
Outro estudo, feito na Universidade de Columbia em 2012, provou que, num grupo de 40 crianças de até 11 anos, quanto mais elas foram expostas ao agrotóxico durante a gravidez, menor era o tamanho dos seus córtex cerebrais.
Aos três anos, elas apresentavam deficiências motoras e cognitivas, como hiperatividade ou déficit de atenção. A redução do QI foi constatada aos sete anos e associada ao contato das mães com o Clorpirifós durante a gestação.
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