No noroeste, pecuaristas recorrem às rações que têm preço influenciado pelo dólar; na região, choveu em média 800 mm de janeiro a agosto, o segundo menor volume em mais de 20 anos. Alimentar o gado ficou mais caro
Os criadores de gado no Paraná estão enfrentando aumento de custos da produção. O setor foi mais um afetado pela combinação de estiagem prolongada e geadas. Como resultado, o pasto ficou mais ralo, e a comida para os rebanhos mais cara.
O verde que predominava no horizonte deu espaço ao amarelo das pastagens secas. O que sobrou foi somente a palhada. O gado até tenta mastigar, mas apenas as pontas do capim não são suficientes para dar sustento ao rebanho.
Em uma propriedade que fica na região noroeste do Paraná, a produção de capiaçu, que é um clone do capim-elefante, está suprindo as necessidades na alimentação dos animais.
“Trato de todo o rebanho é feito com o capiaçu e também a ração concentrada. Toda área de pastagem que temos hoje não seria capaz de manter o score corporal dos animais, mesmo com um baixo nível de suplementação. Com o capiaçu, viabiliza o negócio”, explica o gerente agropecuário Cassio Guedes Costa.
O verde que predominava no horizonte deu espaço ao amarelo das pastagens secas
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Há muito tempo a umidade não tem sido suficiente para a renovação do capim. Na região noroeste, choveu em média 800 mm de janeiro a agosto deste ano. Este é o segundo menor volume de chuva no período em mais de 20 anos.
E, além da seca, neste ano o noroeste passou por geadas e chuva de granizo, o que agravou ainda mais a situação dos pecuaristas.
“Com o clima que está não tem brota, então o gado tem que comer praticamente o bagaço que está no chão. Nos próximos meses, se não tiver chuva, piora ainda mais”, diz José Jorge de Oliveira Neto, chefe da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), em Paranavaí.
O pecuarista Reinaldo Serqueira ajuda na administração dos negócios da família. Eles criam gado há mais de 60 anos, e o único alimento que costumavam comprar fora da fazenda era ração concentrada.
Depois destes anos em que o clima não ajudou, mesmo com planejamento, chegou o momento de buscar o mercado alternativo pra alimentar os bois.
“A gente sempre vem fazendo um manejo e sempre passava o período de inverno, mas nunca uma situação como essa em que a gente tem que estar buscando ração proteinada, feno pra poder suplementar”, diz o pecuarista.
Uma empresa do noroeste do estado está despachando feno pré-secado para todo o país. O empresário Flávio Aguiar Penteado contou que por causa da demanda grande o feno produzido na região de Paranavaí já está todo vendido.
Estiagem e geada prejudicam pastagens e deixam alimentação do gado mais cara, no Paraná
RPC/Reprodução
Para continuar entregando o produto, teve que comprar aveia em Ivaiporã, na região norte do Paraná. Mesmo com as boas vendas do feno, ele tem sentido o aumento no custo da produção do material.
“Junto com a demanda vem os custos de produção, que veio com quase 70%. Há um ano você pagava R$ 0,35 a R$ 0,40 em um quilo de pré-secado, hoje até R$ 0,75”, diz o empresário.
Em uma propriedade de Graciosa, distrito de Paranavaí, 57 vacas produzem aproximadamente 1,7 mil litros de leite por dia. Para manter a boa produção do gado leiteiro, o produtor resolveu investir na irrigação da pastagem, o que, segundo ele, tem auxiliado na alimentação dos animais.
“Três anos atrás fiz um investimento em bem-estar animal e ano passado em irrigação, para produzir o volumoso que eu uso para os meus animais porque comprar pra fora estava ficando muito pesado”, diz o produtor de leite Vianei Schmitz.
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