Líderes globais e cientistas afirmam que os dados do relatório devem ser interpretados como ‘uma sentença de morte para o carvão mineral e os combustíveis fósseis’. Enchentes, neve e calor extremo: como as mudanças climáticas afetam o planeta
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado nesta segunda-feira (9) conclui que não é mais possível impedir que o aquecimento global se intensifique nos próximos 30 anos.
Diversos líderes e personalidades, como a ativista Greta Thunberg, se pronunciaram sobre o relatório.
‘Estamos prontos para agir?’, questiona Greta Thunberg após alerta climático da ONU
Todas as regiões do globo já são afetadas por eventos extremos como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais provocadas pelo aquecimento global.
O texto é de autoria do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão da ONU.
Vice-presidente do IPCC, Thelma Krug
O relatório foi feito a partir de 14 mil artigos científicos. O texto mostra de forma indiscutível que as atividades humanas estão causando a mudança do clima. “Essa influência humana está tornando os eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, as fortes chuvas e as secas, essa influência humana está tornando os eventos mais frequentes, mais duradouros e mais intensos”, diz ela.
VÍDEO: Pesquisadora comenta relatório que apontou influência humana no aquecimento global
Outra conclusão é de que os eventos extremos verificados na última décadas seriam inviáveis sem a influência humana no sistema climático.
A contribuição a mudanças observadas nos extremos é um ponto relevante nesse relatório, segundo ela.
“O que se espera é que as informações que estão nesse último relatório permitam que os governo as assimilem e tomem as decisões mais apropriadas na convenção.”
“Se o problema está sendo causado pelo homem, ele também tem a solução no ser humano”, afirma.
Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres
Antonio Guterres, o secretário-geral da ONU, afirmou é um código vermelho para a humanidade. “Esse relatório precisa soar como uma sentença de morte para carvão mineral e combustíveis fósseis antes que eles destruam o nosso planeta”.
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“Nós sabemos o que precisa ser feito para limitar o aquecimento global —deixar o carvão mineral para a história e fazermos uma mudança para fontes limpas de energia, proteger a natureza e providenciar um financiamento para preservar o clima para países que estão na linha de frente”, disse ele.
Enviado especial do clima da presidência dos EUA, John Kerry
“Os impactos da crise climática, como calor extremo, incêndios, chuva intensa e enchentes só vão continuar a se intensificar a não ser que a gente escolha um outro caminho para nós e para as próximas gerações.”
Greta Thunberg, ativista
Greta pediu uma pressão intensa para combater a crise climática e afirmou que tem planos para ir à conferência do clima, que será realizada em Glasgow, na Escócia.
Greta em protesto em Estocolmo (Fridays For Future) no Parlamento sueco em Estocolmo.
Jessica Gow /TT News Agency/via REUTERS
“Eu espero que isso [o relatório] possa ser um grito para que as pessoas despertem, de todas as maneiras possíveis. O que será preciso para que as pessoas no poder comecem a agir? O que eles estão esperando? Será preciso uma pressão intensa do público e uma pressão intensa da mídia [para que ‘as pessoas no poder’ reajam]”.
Paulo Artaxo, um dos autores do IPCC e cientista da USP
Paulo Artaxo, doutor em física atmosférica pela Universidade de São Paulo
Divulgação/USP Imagens
Nós estamos danificando o clima de uma forma que as próximas gerações que certamente farão as dificuldades socioeconômicas no futuro muito, muito piores do que as das nossa geração. Minha opinião pessoal é que será impossível limitar o aumento de temperatura em 1,5 ºC.”
Helene Witt, coordenadora do IPCC
“Nós poderemos ver um Ártico praticamente sem gelo em 2050.”
Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil
A mudança climática “já afeta milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde já pagamos mais caro pela energia elétrica, por nossa comida e estamos em sério risco hídrico por causa do clima”, disse Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.
“O que o novo relatório do IPCC sinaliza são as opções que podemos fazer hoje para que o amanhã seja seguro para todos”, afirma.
Stela Herschmann, especialista em Política Climática do Observatório do Clima
Herschmann afirma que o relatório, com linguagem forte, reitera que as ações humanas já causaram uma crise climática e que, agora, é preciso verificar qual será a intensidade. Essa estimativa, feita pela primeira vez, é estarrecedora, afirma ela. “Fomos responsáveis por 1,07ºC do total de 1,09ºC do aumento da temperatura desde a era pré-industrial”, diz.
“Além do mais, apesar de dizer que a chance de 1,5oC ainda existe, o documento também mostra que a janela para isso é estreita, e não comporta governos negacionistas.”
Helen Mountfor, vice-rpresidente de economia e do clima do World Resources Institute
“Se esse relatório do IPCC não te choca a ponto de você tomar uma ação, deveria. O texto dá uma imagem imperdoável e inimaginável do mundo que teremos se nosso vício por queimar combustíveis fósseis e destruir florestas continuar.”
Kaisa Kosonen, conselheira sênior do Greenpeace
“O IPCC deu um novo e poderoso meio para que todos, em todos os lugares, possam responsabilizar a indústria dos combustíveis fósseis e os governos como responsáveis diretos pela emergência climática.”
Teresa Anderson, coordenadora do Actionaid International
“Muitos planos de ‘emissão zero’ estão sendo usados para dar um ‘banho verde’ na poluição.”
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