Segundo o Inpe, foram 2.308 focos de calor, maior registro para o mês passado desde 2007. Além disso, entre maio e junho, houve um aumento de 98% nesse índice. A Amazônia teve 2.308 focos de calor no mês passado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). É o maior registro de queimadas em junho desde 2007.
Além disso, o total foi 2,6% maior que o de junho de 2020, que já havia registrado o recorde histórico. Veja, abaixo, o aumento do registro de fogo na Amazônia nos últimos três anos:
Junho de 2019 – 1.880 focos de calor
Junho de 2020 – 2.248 focos de calor
Junho de 2021 – 2.308 focos de calor
A análise do Inpe mostra que a situação já preocupa na Amazônia antes mesmo do início da temporada do fogo, que começa sempre em agosto e dura cerca de quatro meses.
Maio já havia sido um mês de recorde de fogo: os satélites do Inpe registraram 1.166 focos, um aumento de 49% do que o registrado em maio de 2020. O número em maio deste ano também foi 34,5% superior à média histórica do mês.
Porém, entre maio e junho deste ano, o aumento nos focos de queimadas foi de 98%.
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Os dados do Inpe também mostram os focos de incêndio no Cerrado para junho. Foram registrados 4.181 focos no mês, quase dois mil focos a mais do que o registrado na Amazônia. O fogo no Cerrado em junho também foi 58% maior em relação a maio, quando o Inpe detectou 2.649 focos de calor no bioma.
O Greenpeace Brasil relacionou as queimadas com o desmatamento e as mudanças climáticas. A organização lembrou ainda que a queima de florestas e outras vegetações nativas é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa no Brasil.
“Estamos vivendo um momento muito triste para a floresta e seus povos. Eles estão sendo atacados por todos os lados, seja pelos desmatadores, grileiros, madeireiros e garimpeiros que avançam sobre a floresta ou territórios, seja por meio do Congresso e do Poder Executivo que, não só não combatem esses crimes e danos ambientais, como os estimulam, seja por atos ou omissões”, disse Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Na terça-feira, o governo federal publicou um decreto com validade imediata suspendendo por 120 dias o uso de fogo no território nacional, conforme o previsto no decreto 2.661, de 1998, que trata de práticas agropastoris e florestais.
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O Greenpeace afirma, contudo, que apenas medidas como essa não são capazes de coibir o fogo na Amazônia, uma vez o governo federal publicou o mesmo decreto no ano passado e, no entanto, os focos de incêndio em 2020 foram 15% maior do que os registrados em 2019.
500 mil campos de futebol na mira do fogo
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do Woodwell Climate Research publicado nesta quarta-feira (30) mostrou que uma área de 5 mil quilômetros quadrados desmatados na Amazônia, correspondente a 500 mil campos de futebol ou quatro vezes a cidade de São Paulo, está sob risco de queimada na temporada do fogo de 2021.
Segundo os pesquisadores, as áreas desmatadas e ainda não queimadas desde 2019 e uma seca intensa provocada pelo fenômeno La Niña indicam atenção especial para a ocorrência do fogo na Amazônia especialmente no sul da região.
“Há quase 5 mil quilômetros quadrados de área, quase quatro vezes o município de São Paulo, com vegetação derrubada e seca só esperando alguém chegar com o fogo. A queimada, nesse caso, é a última etapa do desmatamento, a forma mais barata e rápida de limpar o terreno para seu uso posterior”, diz o levantamento.
Mais de um terço dessa região sob risco está concentrado em apenas dez municípios de quatro estados: Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia.
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O levantamento também esclarece que o fogo na Amazônia não é natural, mas provocado, principalmente, pelo desmatamento da floresta, e piorado pelas mudanças climáticas.
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“Quando as florestas são cortadas, as árvores e os galhos mortos são empilhados para secar, completando o ciclo do desmatamento. Esse fogo, de grande intensidade, pode escapar para florestas e, se combinado a condições secas, causar grandes danos. Tais condições têm se tornado mais frequentes como resultado da combinação dos efeitos locais do desmatamento com as mudanças climáticas globais”, diz o documento.
Moratória do fogo
Apesar da suspensão do fogo em território nacional por 120 dias, o decreto da terça-feira permite uso do fogo nas seguintes hipóteses:
práticas de prevenção e combate a incêndios realizadas ou supervisionadas pelas instituições públicas responsáveis pela prevenção e pelo combate aos incêndios florestais no País;
práticas agrícolas de subsistência executadas pelas populações tradicionais e indígenas;
atividades de pesquisa científica realizadas por Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação – ICT, desde que autorizadas pelo órgão ambiental competente;
controle fitossanitário, desde que autorizado pelo órgão ambiental competente;
queimas controladas imprescindíveis à realização de práticas agrícolas e autorizadas por autoridade ambiental estadual ou distrital, em áreas não localizadas nos biomas Amazônia e Pantanal.
Em 2020, a região teve mais de 100 mil focos de queimadas registrados pelo Inpe, o maior em uma década. Em 2019, também houve aumento das queimadas e o número de focos de calor registrados foi 30% maior do que em 2018.
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Contudo, em agosto de 2020, o Ministério do Meio Ambiente chegou a suspender todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e às queimadas no Pantanal. Outras paralisações dos brigadistas se seguiram, mesmo dados do Inpe mostrando que o número de focos de incêndio registrados na Amazônia de janeiro a setembro já era o maior desde 2010.
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