Ministro negou que governo pense em deixar bloco comercial, mas sinalizou intenção de lutar por mudanças nas regras para destravar acordos bilaterais do Brasil com outros países. O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta sexta-feira (25) a posição do governo argentino contra a modernização do Mercosul – bloco comercial formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O Brasil defende a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e o fim da regra que exige consenso (unanimidade) para a tomada de decisões no bloco. A Argentina se opõe a esses dois pleitos.
Na visão do ministro Paulo Guedes, a regra do consenso tem deixado uma porta aberta para que a Argentina barre acordos comerciais bilaterais que o Brasil vem buscando com outros países.
“Nós não podemos deixar que o veto de um governo argentino possa impossibilitar um acordo nosso. E nós vamos ter um problema, porque nós queremos a modernização, mas tem um presidente da Argentina que tem veto”, afirmou Guedes durante audiência no Senado nesta sexta.
“Ou modernizamos o Mercosul, ou teremos problema. Do jeito que está, nem nos ajuda em um acordo com a União Europeia, nem nos permite fazer os acordos que queremos fazer. Então vamos ter um problema sério aí pela frente, já vou avisando”, completou.
Uruguai propõe mudar regras do Mercosul, e países do bloco se desentendem
Em março, uma reunião do Mercosul foi palco de discussão entre os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do Paraguai, Mario Abdo Benítez. Veja no vídeo abaixo:
Reunião do Mercosul acaba em discussão entre presidentes da Argentina e do Uruguai
Permanência
Guedes negou que esteja nos planos do Brasil sair do Mercosul. Ele sinalizou que vai continuar lutando pela modernização das regras do bloco e pediu a ajuda dos senadores.
“Nós não vamos sair do Mercosul não, mas não vamos estar num Mercosul movido a ideologia. (…) Vamos ter que modernizar o Mercosul. Já conversei com ministro uruguaio, que está conosco, ministro do Paraguai também diz que está conosco”, disse.
Segundo Guedes, a proposta do Brasil não prejudicará a Argentina, que passa por uma crise econômica. “Sabe o que estamos propondo para os argentinos? Dá liberdade para a gente negociar com o Chile, mas ali na frente quando você se recuperar você vem [no acordo comercial]”, explicou.
“Eles estão extraordinariamente protecionistas, nós entendemos, mas eles não podem nos vetar por isso. Essa é a ideia da modernização do Mercosul”, resumiu.
Comentar