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Economia

Desigualdade social renova recorde histórico no 1º trimestre, aponta estudo

FGV Social também mostra queda da renda do trabalho e do nível de satisfação dos brasileiros. Desigualdade: índice de Gini do Brasil, medida para a desigualdade, cresceu para 0,674 no primeiro trimestre.
Reprodução/Pixabay
A pandemia da Covid-19 aumentou a desigualdade social para um nível recorde, diminuiu a renda do trabalho e deixou os brasileiros mais infelizes e com sentimentos negativos superiores às da média global, afirma um estudo do economista Marcelo Neri, do FGV Social, divulgado nesta segunda-feira (14).
O índice de Gini, medida para a desigualdade, cresceu para 0,674 no primeiro trimestre, contra 0,642 de um ano antes, renovando o recorde histórico. Quanto mais perto de 1, maior é a concentração de renda. O aumento no intervalo foi de igual magnitude entre a crise anterior, de 2015, até o início de 2020.
A renda média per capita recuou pela primeira vez abaixo de mil reais mensais, para R$ 995 nos três primeiros meses de 2021. O dado representa uma queda de 11,3% ante um ano antes, quando estava em R$ 1.122, o maior nível da série iniciada em 2012.
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O estudo considerou a renda efetivamente recebida do trabalho dividida pelos integrantes da família e usou os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A renda do trabalho na população em idade ativa, considerando os desocupados, caiu 10,89% entre os primeiros trimestres do ano passado e deste ano. Entre a fatia dos 50% mais pobres, o recuo foi o dobro, de 20,81%. A queda na taxa de participação no mercado de trabalho respondeu por mais de 80% do recuo na renda da população em geral. Entre os mais pobres, o aumento do desemprego teve peso maior.
No aspecto comportamental, uma medida geral de felicidade, obtida a partir do levantamento da Gallup World Poll, mostra que, numa escala de 0 a 10, a satisfação do brasileiro ficou em 6,1 no ano passado, o menor ponto da série histórica, com queda de 0,4 ponto percentual ante 2019.
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Ao mesmo tempo, um amostra da média de 40 países mostra que o avaliação ficou estagnada de 2019 a 2020: de 6,02 para 6,04.
O estudo evidencia a “desigualdade da felicidade”: a queda geral do indicador foi puxada pelos 40% mais pobres e o grupo intermediário, entre os 40% a 60% mais pobres. Já nas duas camadas superiores, a avaliação ficou praticamente igual entre um ano e outro.
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A crise gerou uma onda de emoções negativas entre os brasileiros. Também de 2019 a 2020, aumentou de 19% para 24% a fatia de brasileiros que disseram ter tido raiva, enquanto a média de 40 países aumentou só 0,8 ponto, de 19,2% para 20%.
Os brasileiros também estão mais preocupados (62% ante 56%), estressados (47% ante 43%), tristes (31%, de 26%). Em todas as análises, a piora de bem-estar foi superior à dos demais países.

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