Exigência que as empresas divulguem seus riscos climáticos é considerado crucial para a transição energética, apesar das reservas das ONGs e do fato de que ainda não foi alcançado um acordo global. O chanceler do Tesouro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak, fala em uma reunião de ministros de finanças de todas as nações do G7 antes da cúpula dos líderes do G7, em Londres
Stefan Rousseau/PA Wire/Pool via REUTERS
Os países do G7 deram um importante passo para exigir que as empresas divulguem seus riscos climáticos, algo que consideram crucial para a transição energética, apesar das reservas das ONGs e do fato de que ainda não foi alcançado um acordo global.
“Somos a favor da publicação obrigatória de dados financeiros relacionados ao clima, que forneçam informações confiáveis e úteis para a tomada de decisões aos participantes do mercado”, declarou o G7 das Finanças em seu comunicado ao final de sua reunião de dois dias em Londres.
Essas declarações obrigatórias, que incluem, por exemplo, as emissões de CO2 ou projetos de investimento, serão aplicáveis a todas as grandes empresas comerciais.
O objetivo é avaliar melhor o impacto financeiro da crise climática e apoiar a transição ecológica dos países que desejam alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
Também é essencial para investidores que financiam grandes grupos e que estão cada vez mais preocupados com o impacto das mudanças climáticas nas empresas, seja por seus resultados, seja por sua reputação.
O G7 afirma seguir as recomendações da Força-Tarefa sobre Divulgação de Informação Financeira Relacionada ao Clima (TCFD), criada em 2017 sob os auspícios do G20.
Os ministros das Finanças foram ainda mais longe ao defender o TNFD (Força-tarefa sobre Divulgação Financeira Relacionada à Natureza), que trata não só do clima, mas também da natureza e da biodiversidade.
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Finanças pró-natureza
Para a organização WWF França, este é “um sinal importante que deve permitir que esta iniciativa global receba um mandato na reunião de chefes de Estado do G20 em outubro”.
A associação falou da necessidade de “finanças pró-natureza”.
Em relação aos riscos climáticos financeiros, o desafio é que cada país imponha essa medida às suas empresas e que haja um acordo sobre o desenvolvimento de normas contábeis comuns.
O Reino Unido dá o exemplo ao forçar as empresas a divulgar esse impacto a partir de 2025. No entanto, não será obrigatório no início, e as empresas do país serão obrigadas apenas a publicar esses dados ou explicar por que não o fazem.
O governador do Banco da França, François Villeroy de Galhau, declarou na quarta-feira em entrevista ao Financial Times que poderia haver um acordo abrangente sobre o assunto até a COP26, a ser realizada em Glasgow em novembro.
Os próprios investidores estão pressionando o G7 a fazer mais, e a associação de gestores de ativos do Reino Unido, a IA, pede aos reguladores financeiros que se comprometam a divulgar obrigatoriamente os riscos climáticos.
“Ter dados comparáveis e de alta qualidade sobre os riscos climáticos das empresas é crucial para cumprir as metas de neutralidade de carbono”, comentou Chris Cummings, diretor-geral da AI.
Por sua vez, as ONGs alertam que a medida por si só não garante que as empresas terão sua participação na transição energética.
“A divulgação deveria ter se tornado obrigatória há muito tempo, mas neste ponto da crise climática e ecológica, a demanda por melhores dados é uma distração perigosa”, afirma David Barmes, da Positive Money.
“Os mercados não serão os salvadores”, avisa.
De acordo com um relatório de várias ONGs na quarta-feira, os países do G7 perderam a oportunidade de fornecer uma resposta econômica ecológica à crise de saúde ao subsidiar massivamente setores poluentes como a aviação.
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