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94% do desmatamento na Amazônia brasileira é ilegal, diz relatório de duas organizações e de universidade

Dados se referem também à área do Matopiba, que engloba parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Cientistas defendem mais transparência na diferenciação do desmatamento legal e ilegal no Brasil. Carga encontrada durante operação contra desmatamento em Humaitá, no Sul do Amazonas
Pelegrine Neto/SSP-AM
Cerca de 94% do desmatamento registrado na Amazônia brasileira e na região de Matopiba é ilegal, aponta novo estudo divulgado nesta segunda-feira (17) por dois institutos e por universidade brasileira. De acordo com a análise, a promessa de Jair Bolsonaro de eliminar a perda de floresta é pouco realista devido à falta de transparência dos dados sobre o uso das terras da região.
Sob pressão para reduzir a destruição da maior floresta tropical do planeta, Bolsonaro prometeu, durante a reunião de Cúpula sobre o Clima, eliminar o desmatamento ilegal até 2030. A missão, de acordo com o relatório, parece impossível.
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Segundo pesquisadores brasileiros do Instituto Centro de Vida (ICV), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com apoio do WWF-Brasil, as autoridades brasileiras fracassaram em implementar leis para determinar quando e onde se desmata legalmente.
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O relatório indica que o desmatamento na Amazônia e no Matopiba — região que engloba parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — acontece porque, mesmo nos casos em que os agricultores, pecuaristas e madeireiros têm permissão para usar a terra, as autoridades são incapazes de documentar como se aplica a legislação para a exploração legal.
“A diferenciação entre os desmatamentos legal e ilegal é a chave para garantir que as produções agrícola e florestal não estão contaminadas por crimes ambientais”, diz o texto.
Desde de 2019, o desmatamento na Amazônia e no Brasil tem crescido. Nos 12 meses anteriores a agosto de 2020, o desmatamento da floresta brasileira aumentou 9,5%, destruindo um território maior que o da Jamaica, segundo dados oficiais.
O presidente está sob forte pressão internacional para limpar a imagem de seu governo envolvendo temas ambientais, enquanto o agronegócio mostra preocupação com as consequências dessas críticas para o país, maior exportador mundial de carne e soja.
“Bolsonaro fez essa promessa de desmatamento (ilegal) zero, mas como a gente vai saber, se não temos essa informação disponível?”, questionou Paula Bernasconi, coordenadora do ICV.
“É urgente a necessidade de maior esforço técnico e vontade política para o cumprimento da legislação ambiental e da Lei de Acesso à Informação”, destacou Raoni Rajão, coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais da UFMG e um dos autores do estudo. “Caso contrário, a falta de transparência continuará servindo de escudo para a destruição contínua dos ecossistemas.”
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Dados do Imazon
Nesta segunda-feira (17), o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) também divulgou um relatório a respeito da perda de floresta brasileira: abril de 2021 atingiu uma área de 778 km² de desmatamento, o maior valor para o mês registrado nos últimos dez anos.
O valor também é 45% maior que o desmatamento registrado em abril de 2020, quando 536 km² de floresta amazônica foram devastados. O desmatamento amazônico também bateu recorde histórico em março, quando o Imazon registrou 810 km² de floresta devastado.
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