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Única brasileira na Cúpula do Clima pede que indígenas sejam ouvidos sobre tema: ‘doutores em meio ambiente’

A líder indígena Wapichana Sinéia do Vale e o presidente Jair Bolsonaro foram os únicos dois brasileiros a falar no encontro convocado pelo presidente dos EUA, Joe Biden. Sinéia do Vale, liderança indígena wapichana, participou da cúpula em transmissão desde Boa Vista (RR), em 22 de abril de 2021
Reprodução/Leaders Summit On Climate
A líder indígena Wapichana Sineia do Vale, única brasileira a participar da Cúpula dos Líderes sobre o Clima, disse nesta quinta-feira (22) que discussões relacionadas ao tem devem ser feitas ouvindo os povos indígenas. Ela afirmou também que é preciso estar atento o que é discutido entre os países do mundo e ao cumprimento das políticas de preservação implantadas no Brasil.
“Para nós é muito difícil quando há uma discussão tão importante em relação ao clima, onde são tirados esses espaços que nós podíamos estar discutindo também com o conhecimento dos povos indígenas.”
Os povos indígenas trazem conhecimentos ancestrais, conhecimentos tradicionais tão importantes quanto a ciência, pesquisadores, cientistas renomados. Povos indígenas são doutores na questão do meio ambiente”, disse Vale durante painel transmitido de forma remota.
A “Cúpula dos Líderes” foi organizada pelo governo dos Estados Unidos para discutir questões climáticas junto a 40 nações e começou nesta quinta com discursos dos presidentes e chefes de estado de 40 países, entre eles o brasileiro Jair Bolsonaro.
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Vale participou de um painel ao lado da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, e outras lideranças femininas que responderam a perguntas sobre a gestão ambiental em suas regiões.
A líder indígena do estado de Roraima disse também que a questão da demarcação de terras não pode ser deixada de lado e reforçou a importância da participação da sociedade civil na tomada de decisões.
“Quando falamos de floresta em pé, falamos também da manutenção dessas florestas que também é feita pelos povos indígenas. […] Esses estudos têm nos apontado o aquecimento de água, os peixes regionais que já estão sumindo. A questão da mudança climática não vai chegar, ela já chegou nas comunidades indígenas, afirmou.
ENTENDA o que é a Cúpula de Líderes sobre o Clima?
O QUE ESTÁ EM JOGO durante a reunião convocada pelos EUA?
Ela também defendeu que é necessário garantir que recursos investidos nos impactos das mudanças climáticas de fato cheguem às pessoas que vivem em comunidades indígenas.
“Quando a água aquece e os peixes somem. Mas, para isso tudo, nós precisamos que a questão de políticas públicas que são implementadas nos países, no Brasil, chegue de fato nas pontas. Então a nós é dado essa oportunidade, onde a gente pode dizer sim a vida, sim a terra nesse dia tão importante que nós falamos, que é o dia da terra. E o dia da terra para os povos indígenas é muito importante para nós.”
Sinéia do Vale participa de um painel ao lado da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, e outras lideranças femininas durante a Cúpula dos Líderes Sobre o Clima em 22 de abril de 2021
Reprodução
Abaixo, em 5 pontos, veja os principais temas em debate:
Volta dos EUA nas discussões internacionais sobre o clima
Novas metas na redução de emissões dos EUA até o fim da década
Oportunidade para o Brasil mudar a imagem de sua política ambiental
Preparação para a COP26, que acontece em novembro
Financiamento para projetos de países em desenvolvimento
Proteção e manejo de florestas
Pouco antes de sua apresentação, Vale antecipou que falaria sobre a vivência dos povos indígenas em meio às mudanças climáticas.
“A melhor estratégia para manter o clima sem o aumento, para não passar de 1,5 grau, é manter as florestas como elas estão, fazer o manejo das florestas”, escreveu Vale.
“Todos falam que a Amazônia é o pulmão do mundo, mas dentro desse pulmão moram pessoas, como povos indígenas, comunidades locais que precisam ter a garantia dos direitos e de políticas públicas para que o clima não continue aumentando”, disse a líder indígena. “Essa é a voz dos povos indígenas para o Brasil e para o mundo.”
Quem é Sinéia do Vale?
Gestora ambiental em um departamento do CIR, Sinéia foi coordenadora da Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em terras indígenas (PNGATI).
Ela também é membro do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas da (APIB).
Há mais de 10 anos, a líder acompanha as discussões climáticas no âmbito internacional da A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), focada na agenda indígena e a implementação de ações em nível local, informou o CIR.
O foco da atuação da líder indígena são as ações ambientais e territoriais locais, aplicadas nas políticas públicas climáticas apropriadas aos povos indígenas. Ela organizou a primeira publicação indígena brasileira sobre enfrentamento às mudanças climáticas.
A publicação, lançada em 2014, trata das percepções das comunidades indígenas sobre as mudanças climáticas e segue com divulgação em eventos nacionais e internacionais.

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