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Meio Ambiente

Comentários de Bolsonaro em cúpula 'surpreenderam', diz enviado para o clima de Biden, que questiona se promessas serão cumpridas

Secretário John Kerry falou a jornalistas após o primeiro dia do encontro organizado pela Casa Branca com 40 nações para discutir metas e desafios ambientais. John Kerry, enviado especial dos EUA para questões do clima em entrevista coletiva na Casa Branca em 22 de abril de 2021
Tom Brenner/Reuters
O enviado especial dos Estados Unidos para questões do clima, John Kerry, disse nesta quinta-feira (22) que os comentários do presidente brasileiro Jair Bolsonaro no 1º dia da Cúpula dos Líderes sobre o Clima “surpreenderam” ao mesmo tempo em que questionou se as promessas serão cumpridas.
O secretário Kerry falou com jornalistas em entrevista coletiva na Casa Branca.
A fala do americano veio em resposta à pergunta de um jornalista sobre a forma com que Bolsonaro e o presidente russo Vladimir Putin apresentaram a questão do histórico de emissões – mais baixos em seus países do que nos EUA.
“Alguns dos comentários que o presidente Bolsonaro fez hoje me surpreenderam por seu – você sabe – e isso é muito bom, vai funcionar se essas coisas forem feitas. A questão é: eles vão cumprir? A questão é: como será feito e de que forma?”, disse Kerry.
O presidente Bolsonaro prometeu adotar medidas que reduzam as emissões de gases e pediu “justa remuneração” por “serviços ambientais” prestados pelos biomas brasileiros ao planeta (leia mais adiante na reportagem).
ENTENDA o que é a Cúpula de Líderes sobre o Clima?
O QUE ESTÁ EM JOGO durante a reunião convocada pelos EUA?
A “Cúpula dos Líderes” foi organizada pelo governo dos EUA para discutir questões climáticas junto a 40 nações e começou nesta quinta com discursos dos presidentes e chefes de estado de 40 países.
Pouco antes da abertura, Biden afirmou que os EUA – responsáveis por 15% das emissões globais –, têm um plano para cortar em 50% as emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2030.
Abaixo, em 5 pontos, veja os principais temas em debate:
Volta dos EUA nas discussões internacionais sobre o clima
Novas metas na redução de emissões dos EUA até o fim da década
Oportunidade para o Brasil mudar a imagem de sua política ambiental
Preparação para a COP26, que acontece em novembro
Financiamento para projetos de países em desenvolvimento
A cúpula faz parte dos esforços da gestão Biden para cumprir promessas de campanha e recuperar a imagem do país após o governo de Donald Trump, que foi desastroso para o clima.
Com o republicano, os EUA deixaram integrar o Acordo de Paris – medida que foi revogada logo no primeiro dia do democrata na Casa Branca.
Promessas de Bolsonaro e Putin
Kerry comentou as promessas dos governos brasileiro e russo e disse que ouviu propostas visionárias e que podem abrir espaço para a cooperação internacional.
Veja abaixo quais foram os compromissos assumidos pelos dois países:
Brasil
O presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil se compromete a zerar até 2030 o desmatamento ilegal, reduzir as emissões e buscar neutralidade climática até 2050 (uma antecipação de dez anos do prazo).
VÍDEO: Veja destaques do discurso de Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima
Bolsonaro também disse que “é preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de conservação”.
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Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o país poderá propor uma mudança de condições para investimentos estrangeiros que tenham como objetivo construir projetos de energia limpa no país.
“Agora 45% da nossa matriz energética tem baixas emissões. As emissões de plantas nucleares é quase zero”, disse Putin.
VÍDEO: Vladimir Putin discursa na Cúpula de Líderes sobre o Clima
Ele afirmou que a Rússia já reduziu suas emissões em relação aos níveis de 1990 e disse ainda que há um plano para precificar o carbono.
Reação do governo americano
Um porta-voz do Departamento de Estado americano, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, disse em um comunicado que considerou a fala de Bolsonaro “positiva”.
“Alcançar a neutralidade de carbono até 2050, dez anos antes do comprometido anteriormente, e sem pré-condições, é significativo, assim como seu compromisso de dobrar os fundos disponíveis para fiscalização, um passo crucial para eliminar o desmatamento ilegal até 2030”, disse o porta-voz.
Segundo este representante da diplomacia norte-americana, os EUA estão “satisfeitos” com a forma com que o Brasil convidou o setor privado para contribuir com soluções.
“Muitos detalhes ainda precisam ser resolvidos, e é justo perguntar a todos os países, Estados Unidos, Brasil e outros – como vamos alcançar nossos ambiciosos objetivos”, disse em nota. “Nossa credibilidade se apoiará em planos sólidos, na execução do trabalho e em um foco implacável nos resultados.”

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