Aumento na produção teve como principal motivo a retomada gradual das operações nos complexos Timbopeba, Fábrica e Vargem Grande, em Minas Gerais, ao longo de 2020. Prédio da Vale
Pilar Olivares/Reuters
A Vale produziu 68 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre, alta de 14,2% ante o mesmo período do ano anterior, avançando em seu plano de estabilização e retomada operacional, informou a mineradora, em relatório nesta segunda-feira (19).
Já as vendas de minério de ferro da companhia subiram quase 15%, com a empresa se beneficiando de maior demanda da China por minério de qualidade, como o da Vale. A mineradora também registrou um prêmio de mais de US$ 8 por tonelada pelo produto.
“A Vale continua progredindo, apesar dos desafios adicionais impostos pela pandemia da Covid-19 no Brasil, em seu plano de estabilização do minério de ferro…”, disse a empresa, sem detalhar quais dificuldades estão sendo enfrentadas pela operação em meio à pandemia.
Recentemente, a companhia foi pressionada por entidades da sociedade civil a paralisar suas operações de minério de ferro em Parauapebas, município paraense onde está a principal unidade da mineradora, como forma de frear o contágio do coronavírus na região. Mas não há informação de qualquer parada.
O aumento na produção no trimestre, segundo a empresa, teve como um dos motivos a retomada gradual das operações nos complexos Timbopeba, Fábrica e Vargem Grande, em Minas Gerais, ao longo de 2020. Tais atividades haviam sido impactadas em meio a uma ampla revisão da segurança, após rompimento de barragem em Brumadinho (MG).
Também contribuíram para o aumento anual na produção o desempenho em Serra Norte e menor volume de chuvas em janeiro, além do crescimento das compras de terceiros e o reinício das operações em Serra Leste.
Em contrapartida, os volumes de produção sofreram impacto de manutenções na importante mina S11D, além de um menor desempenho no complexo de Itabira devido à restrição de disposição de rejeitos no complexo.
Na comparação com o quarto trimestre, no entanto, houve retração de 19,5% na comparação com a produção do quarto trimestre, atribuída principalmente à sazonalidade habitual.
Plano de retomada
A Vale informou que atingiu capacidade de produção de 327 milhões de toneladas no período, diante de seu plano de estabilização e retomada, a partir do comissionamento das linhas de beneficiamento de Timbopeba ( 7 milhões de toneladas), que foi parcialmente compensado por restrições de desempenho em diferentes sites.
O plano de retomada também avançou com o início da planta de filtragem de rejeitos de Vargem Grande, a primeira de quatro plantas de filtragem em Minas Gerais. A segunda planta, em Itabira, deverá entrar em operação até o fim de 2021.
A empresa manteve sua previsão de produzir de 315 milhões a 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2021.
A produção de pelotas da Vale totalizou 6,3 milhões de toneladas entre janeiro e março, queda de 9,2% ante o mesmo trimestre de 2020, como resultado da menor disponibilidade de “pellet feed” das unidades de Itabira e Brucutu.
“Apesar de um trimestre mais fraco, a Vale espera aumentar gradualmente a produção durante 2021 com a maior disponibilidade de pellet feed de Timbopeba e Vargem Grande”, afirmou.
Vendas
As vendas do minério de ferro, por sua vez, somaram 59,3 milhões de toneladas no primeiro trimestre, alta de 14,8% ante os três primeiros meses de 2020.
Os volumes de vendas de finos de minério de ferro e pelotas totalizaram 65,6 milhões de toneladas no primeiro trimestre, alta de 11% contra o mesmo período do ano passado, devido à forte produção de minério de ferro, sendo parcialmente compensado pela menor disponibilidade de “pellet feed”.
A empresa informou que o prêmio de minério de ferro foi de US$ 8,3 por tonelada, na medida em que a forte recuperação da demanda dos mercados, preços mais altos do carvão metalúrgico na China e a necessidade de uma produtividade elevada nos altos-fornos deram suporte a “spreads” maiores entre os índices de referência 65% de Fe e 62% Fe e aos prêmios de pelotas.
Metais básicos
Do lado do cobre, a empresa atingiu produção de 76,5 mil toneladas no primeiro trimestre, queda de 19% ante um ano antes e recuo de 18,2% em relação ao quarto trimestre, diante de impactos relacionados a manutenção e à Covid-19.
Segundo a Vale, em Salobo, houve mudanças nas rotinas de manutenção para aumentar a segurança e melhorar as condições operacionais, o que restringiu a movimentação da mina e impactou o teor de alimentação.
A empresa também realizou manutenção programada e não programada nas operações do Sossego, que levou mais tempo do que o esperado, já que a Covid-19 limitou a capacidade de mobilização de terceiros.
“Conforme as atividades de manutenção continuam em ambos os sites e uma grande manutenção planejada do moinho SAG em Sossego precisou ser adiada em função da Covid-19, outros impactos na produção são esperados, com as operações de cobre retornando a níveis normais no segundo semestre”, disse a empresa.
Diante dos desafios, a Vale prevê que produção de cobre se situe próxima ao nível inferior do guidance para este ano, de 360 mil a 380 mil toneladas. A empresa reconhece, no entanto, que poderá haver mais atrasos na manutenção programada da planta, devido à pandemia.
A produção de níquel acabado da Vale (ex-VNC) foi de 48,4 mil toneladas no trimestre, alta de 6,8% ante um ano antes e 4,7% abaixo do quarto trimestre.
O avanço anual foi resultado de uma operação estável em Onça Puma e do forte desempenho nas refinarias do Atlântico Norte, com Long Harbour atingindo níveis recordes de produção no primeiro trimestre, disse a Vale.
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