Porta-voz do governo de Joe Biden disse acreditar ser possível que o Brasil registre queda na taxa de desmatamento antes do fim da temporada de queimadas deste ano. Imagem aérea mostra uma árvore no centro de uma área desmatada da Amazônia próxima a Porto Velho (RO) em 14 de agosto de 2020
Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo
A secretária de imprensa dos Estados Unidos, Jen Psaki, afirmou nesta quarta-feira (14) que a Casa Branca espera ver um “comprometimento claro” do Brasil para acabar com o desmatamento ilegal.
“Nós queremos, sim, ver um comprometimento claro [do Brasil] para acabar com o desmatamento ilegal”, disse Psaki em entrevista coletiva.
A porta-voz do governo de Joe Biden disse que espera ver “metas tangíveis” para o aumento nas fiscalizações e um sinal político de que o desmatamento ilegal e invasões não serão tolerados.”
Além disso, Psaki disse que o governo americano acredita que o Brasil consiga registrar uma queda nas taxas de desmatamento antes do fim da temporada de queimadas de 2021.
“Nós seguimos acreditando que conservação e sustentabilidade econômica podem caminhar lado a lado”, reforçou Psaki. “Então essa é, de verdade, nossa expectativa para o Brasil.”
A temporada de queimadas no Brasil, em geral, vai de maio/junho a setembro/outubro.
Parceiros do Brasil
A porta-voz da Casa Branca disse também que o Brasil é um “parceiro-chave” dos EUA para o combate às mudanças climáticas e espera que o país ocupe um papel de liderança.
“Nós respeitamos completamente a soberania brasileira e agradecemos a oportunidade de participar de conversas colaborativas sobre como podemos atuar juntos”, afirmou Psaki.
O presidente Jair Bolsonaro foi convidado pelos EUA para participar de uma reunião sobre clima com líderes de outras 39 nações. A cúpula, virtual, acontece em 22 e 23 de abril.
Entre os convidados estão a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, e o presidente francês, Emmanuel Macron, com quem Bolsonaro trocou críticas em 2019 sobre a Amazônia.
Participação da sociedade civil
Um porta-voz do Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores nos EUA, disse em um comunicado que o país busca a participação da sociedade civil brasileira em debates para tratar dos assuntos que serão discutidos na reunião sobre o clima.
“As mudanças climáticas são um desafio complexo que também exige soluções novas e inovadoras – soluções que incluem o envolvimento da comunidade local, incluindo comunidades indígenas e tradicionais”, disse o porta-voz.
O Departamento de Estado americano disse manter constante contato com Organizações Não-Governamentais, lideranças indígenas e outros atores para tratar de assuntos relacionados ao meio ambiente e seus impactos nas comunidades.
O representante da diplomacia americana disse que o embaixador Todd Chapman se reuniu nesta semana com especialistas do clima, líderes indígenas e parlamentares brasileiros para entender quais são suas preocupações e perspectivas.
“Nós encorajamos que lideranças indígenas, sociedade civil e o governo brasileiro também busquem construir diálogos construtivos sobre o meio ambiente”, disse o porta-voz.
Metas americanas de emissões
No evento de abril, os EUA prometem anunciar a meta americana de emissões de gases estufa até 2030. O intuito das metas de emissões é que cada país determine o seu objetivo nacional de modo a evitar que a temperatura do planeta aumente mais que 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Fumaça de incêndios no norte da Califórnia em setembro de 2020
Noah Berger/AP Photo
Manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC é uma das metas estabelecidas no Acordo de Paris. Em novembro, o ex-presidente americano Donald Trump oficializou a saída dos EUA do acordo – que já havia sido anunciada por ele três anos antes.
Em janeiro, ao assumir a presidência, Biden assinou um ato executivo que colocou os Estados Unidos outra vez no acordo.
No convite, a Casa Branca diz que a Cúpula dos Líderes sobre o Clima “enfatizará a urgência – e os benefícios econômicos – de uma ação climática mais forte”.
Biden convidou os líderes a usarem a reunião “como uma oportunidade para delinear como seus países também contribuirão para uma ambição climática mais forte”.
O encontro, diz a nota, “será um marco importante” no caminho para a COP26.
A cúpula também deve destacar “exemplos de como a ambição climática aprimorada criará empregos bem remunerados, promoverá tecnologias inovadoras e ajudará os países vulneráveis a se adaptarem aos impactos do clima”.
Veja os principais temas do encontro:
Esforços para mobilizar as principais economias do mundo a reduzirem as emissões de gases estufa nesta década, para manter o limite de aquecimento de 1,5ºC ao alcance;
Mobilizar o financiamento dos setores público e privado para impulsionar a transição para emissão líquida zero e ajudar os países vulneráveis a lidar com os impactos climáticos;
Os benefícios econômicos da ação climática, com forte ênfase na criação de empregos, e a importância de garantir que todas as comunidades e trabalhadores se beneficiem da transição para uma nova economia de energia limpa;
Impulsionar tecnologias de transformação que podem ajudar a reduzir as emissões e na adaptação às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que criam novas oportunidades econômicas e constroem as indústrias do futuro;
Apresentar atores subnacionais e não estatais comprometidos com a recuperação verde e uma visão equitativa para limitar o aquecimento a 1,5ºC e que estão trabalhando em estreita colaboração com os governos nacionais para promover a ambição e a resiliência;
Discutir oportunidades para fortalecer a capacidade de proteger vidas e meios de subsistência dos impactos da mudança climática, abordar os desafios de segurança global colocados pela mudança climática e o papel das soluções baseadas na natureza para atingir as metas de emissões líquidas zero até 2050.
VÍDEOS mais vistos do G1
00:00 / 25:06
Comentar