Essa é a segunda proposta legislativa de Biden em seus dois meses no cargo, como suporte a uma economia abalada pela pandemia do coronavírus. Presidente dos EUA, Joe Biden, dá declaração no Salão Oval da Casa Branca nesta terça-feira (30)
Jonathan Ernst/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou nesta quarta-feira (31) um novo pacote de estímulos à economia do país de US$ 2,3 trilhões, focado em investimentos em infraestrutura.
A proposta de Biden tem como objetivo colocar o setor corporativo dos EUA como financiador de projetos que coloquem milhões de norte-americanos para trabalhar em obras, bem como no combate à mudança climática e na promoção de serviços sociais.
“É um investimento único em uma geração de emprego na América, diferente de tudo que já vimos ou fizemos”, disse Biden em um evento em Pittsburgh. “É grande, sim. É ousado, sim. E podemos fazer isso.”
A segunda proposta legislativa de Biden em seus dois meses no cargo oferece suporte a uma economia abalada pela pandemia do coronavírus. Também promete fortalecer sindicatos e a resiliência do país às mudanças climáticas. Outra proposta econômica que Biden anunciará em abril pode acrescentar outros US$ 2 trilhões ao custo do projeto.
Juntamente a seu pacote de alívio de US$ 1,9 trilhão de dólares, o plano de infraestrutura de Biden daria ao governo federal um papel maior na economia dos EUA do que tem tido em gerações, respondendo por 20% ou mais da produção anual.
O esforço prepara o terreno para o próximo conflito partidário no Congresso, onde parlamentares concordam amplamente que investimentos de capital são necessários, mas estão divididos quanto ao tamanho total do pacote e a inclusão de programas tradicionalmente vistos como serviços sociais.
“Se haverá aumentos massivos de impostos e outros trilhões adicionados à dívida nacional, não é provável”, disse o senador republicano Mitch McConnell, do Kentucky, o líder da minoria, um dia depois de Biden telefonar para informar-lhe sobre a proposta.
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Aumento de impostos
Biden ainda não cumpriu uma promessa de campanha de aumentar os impostos para os mais ricos, sem nenhum dos aumentos esperados na alíquota mais alta do imposto de renda ou na taxa sobre ganhos de capital.
O plano, em vez disso, aumentaria a alíquota do imposto corporativo de 21% para 28% e mudaria o código tributário para fechar brechas que permitem que empresas transfiram lucros para o exterior. Biden disse que o objetivo não é “atingir” os ricos, mas lidar com as divisões e desigualdades agravadas pela pandemia.
O plano estenderia o custo dos projetos por um período de oito anos e visa pagar por tudo isso em 15 anos, sem aumentar a dívida do país no longo prazo, disse à Reuters um importante funcionário do governo.
Neil Bradley, vice-presidente executivo e diretor de políticas do maior grupo comercial do país, a Câmara de Comércio dos EUA, disse que, embora a organização compartilhe do senso de urgência de Biden na infraestrutura, seu plano está “perigosamente equivocado”.
“Nós nos opomos fortemente aos aumentos gerais de impostos propostos pelo governo, que vão desacelerar a recuperação econômica e tornar os EUA menos competitivos globalmente –exatamente o oposto das metas do plano de infraestrutura”, disse Bradley.
O plano inclui US$ 621 bilhões para reconstruir a infraestrutura, como estradas, pontes, rodovias e portos, e um investimento histórico de US$ 174 bilhões no mercado de veículos elétricos que define a meta de uma rede nacional de recarga até 2030.
A equipe de Biden acredita que um esforço dirigido pelo governo para fortalecer a economia pode tornar mais fácil competir com o aumento da concorrência e com uma ameaça à segurança nacional representada pela China.
Funcionários do governo também expressam seus objetivos no texto do projeto de combate à desigualdade econômica criada pela discriminação racial – um dos pontos, por exemplo, prevê lidar com a poluição do ar que afeta comunidades negras e hispânicas perto de portos ou usinas de energia.
O governo quer que o Congresso separe US$ 400 bilhões para investimento na expansão do acesso a cuidados comunitários para norte-americanos idosos e pessoas com deficiência. A ideia é alcançar trabalhadores “mal remunerados e desvalorizados” dessa indústria, que são majoritariamente mulheres não brancas.
Há ainda US$ 213 bilhões destinados a construção e reforma de casas sustentáveis e acessíveis, juntamente a centenas de bilhões de dólares para apoio ao setor manufatureiro dos EUA, reforço da rede elétrica do país, aprovação da banda larga de alta velocidade em todo o país e renovação dos sistemas de água para garantir água potável limpa.
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Mais um pacote a caminho
Biden está avançando com o projeto de lei enquanto tenta cumprir promessas de fornecer vacinas contra a Covid suficientes para todos os adultos até o fim de maio. A Casa Branca também está lidando com um aumento no número de migrantes na fronteira sul e com as consequências de uma série de tiroteios em massa.
O plano é uma das pernas da agenda “Construir Melhor” e um segundo pacote legislativo deve ser encaminhado em algumas semanas. A expectativa é que o texto inclua expansão na cobertura do seguro-saúde, extensão de benefícios fiscais infantis, licença familiar e médica remunerada, entre outros esforços voltados às famílias.
A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, sinalizou que espera aprovar o plano de infraestrutura até 4 de julho, embora esse prazo possa ser descumprido conforme os democratas, com maioria restrita na Câmara e no Senado, buscam obter um acordo em torno dos detalhes da proposta. A disputa já começou, enquanto aliados pressionam pela inclusão de suas prioridades e republicanos sinalizam preocupações iniciais com o tamanho e o escopo do pacote.
Democratas moderados disseram que o pacote deveria ser mais direcionado a projetos tradicionais de infraestrutura para atrair votos republicanos, buscando um retorno à formulação de políticas bipartidárias. Congressistas liberais querem enfrentar a mudança climática e a desigualdade econômica com recursos que reflitam o tamanho desses desafios.
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