Vacinar nas aldeias depende de uma logística complicada, que inclui uso de avião e até barco. E essa dificuldade de acesso às comunidades é um desafio a mais. Ritmo de vacinação de indígenas desacelera no Brasil, segundo relatório de ONG
Vacinar nas aldeias depende de uma logística complicada, que inclui uso de avião e até barco. E essa dificuldade de acesso às comunidades é um desafio a mais.
O Brasil tem mais de 817 mil indígenas. A Amazônia abriga 60% por cento da população indígena do país, o que representa 490.777 pessoas, segundo o IBGE. Mas, segundo um levantamento da ONG Open Knowledge Brasil, só um terço dessa população já foi vacinada: 163.592 pessoas.
Campanha combate desinformação e notícias falsas sobre vacinação contra a Covid entre indígenas
A análise identificou também uma queda no ritmo da aplicação da vacina contra a Covid-19 nos indígenas. Os indígenas que vivem em aldeias estão na lista de prioridade para a vacinação porque o acesso deles ao sistema de saúde é mais difícil e isso coloca esse grupo em uma situação de vulnerabilidade.
“No momento em que se passou a aplicar a segunda dose, a primeira caiu drasticamente, ou seja, se parou de ter a vacinação de novas pessoas para vacinar aquelas que já tinham sido vacinadas e isso a gente tava num patamar além de 55%, o que mostra é que a gente não tinha nenhum planejamento efetivo sobre a quantidade de vacinas necessárias para completar as duas doses”, afirma a diretora-executiva da Open Knowledge, Fernanda Campagnucci
Vacinar nas aldeias depende de uma logística complicada, que inclui uso de avião e até barco. E essa dificuldade de acesso às comunidades é um desafio a mais.
A região do Alto Solimões, no Amazonas, abriga cerca de 70 mil indígenas. Mais de dois mil já foram infectados e 47 morreram por causa da Covid, segundo a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai).
A vacinação prioritária de indígenas é tema de uma ação ajuizada no Supremo Tribunal Federal pela articulação dos povos indígenas do Brasil, a Apib
O ministro Luis Roberto Barroso já garantiu que indígenas que estão em terras não homologadas e em contexto urbano sejam incluídos na lista de populações prioritárias para vacinação. O ministro ainda aguarda uma posição do governo sobre outras medidas para evitar a transmissão do vírus a população indígena. Por isso, o plano do governo de ação contra Covid foi homologado em parte.
“A gente luta, continua lutando, defendendo, mantendo nosso território, reconhecendo nossas terras indígenas e, no momento que você migra, e está no núcleo urbano, você simplesmente deixa de ser prioridade”, afirma Marivelton Baré, diretor-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.
Vacinação em indígenas no Alto Rio Negro, no interior do Amazonas
Divulgação
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