“Quando ele virava negativo [o índice de inflação dos contratos] ninguém reclamava. Quando está no positivo, todo mundo reclama”, afirmou Cristina Betts, diretora financeira do grupo. Operários limpam letreiro na fachada do shopping JK Iguatemi, na zona oeste de São Paulo
Joel Silva/Folhapress
A Iguatemi Empresa de Shopping Centers estava reduzindo descontos a lojistas nos últimos meses, concedidos nas cobranças de aluguéis e condomínios, antes das novas restrições de circulação anunciadas por alguns estados neste mês. E a nova onda de maior isolamento social deve levar a empresa a analisar descontos “pontuais e cirúrgicos”, mas não serão concedidos no mesmo volume de um ano atrás, início da pandemia.
Em teleconferência com analistas nesta sexta-feira (5), o comando da empresa afirmou que, além disso, a Iguatemi não dará isenção de aluguel a lojista mesmo com as mudanças nas regras de circulação em certas regiões, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A isenção foi concedida no início da pandemia, em 2020. A empresa entende que a situação atual não é comparável a de um ano atrás. Sobre a hipótese de uma negociação para mudar os índices de reajuste de contratos, a Iguatemi rechaçou a ideia.
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Os contratos de locação seguem o IGP-M, que superou os 20% em 2020. Segundo o Valor Pro, a ABF, associação das franquias, estuda abrir uma ação coletiva na Justiça contra os shoppings para pleitear troca na taxa, de IGP-M para IPCA.
“Não há a menor chance de mudar índice de reajuste de contratos de aluguel. Quando ele virava negativo [o índice de inflação dos contratos] ninguém reclamava. Quando está no positivo, todo mundo reclama. Óbvio que vamos avaliar o IGP-M porque em alguns casos pode chegar a 30%, aí vamos avaliar caso a caso. Sabemos que cabe aqui apoio, mas não haverá troca de índice”, disse Cristina Betts, diretora financeira do grupo.
Com as mudanças de regras na circulação em vários estados, os shopping Iguatemi São Paulo, JK Iguatemi, Pátio Higienópolis, Market Place, Iguatemi Alphaville, Iguatemi Campinas, Shopping Galleria, Iguatemi São José do Rio Preto, Iguatemi Ribeirão Preto, Iguatemi São Carlos e Iguatemi Esplanada permanecerão abertos ao público em horário reduzido, de 12h às 20h, somente para o funcionamento de farmácias, clínicas, bancos e supermercados. As demais lojas estarão fechadas para o público. Lojistas poderão continuar operando por meio do sistema de delivery e/ou drive thru.
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Para o presidente do grupo, Carlos Jereissati, falta isonomia nas análises de fechamentos de atividades nas novas regras divulgadas por estados. Ele ainda disse que esses fechamentos temporários não podem ser comparáveis àqueles do início da pandemia, em 2020.
Naquele período, a empresa concedeu isenção de aluguel, condomínio e do fundo de promoção a lojistas por um período, e a companhia já disse hoje que não há discussão do retorno das isenções, apenas de descontos pontuais.
Dados do quarto trimestre da companhia mostram inadimplência líquida de 9,3% na empresa, versus taxa negativa de 0,8% um ano antes. A taxa de ocupação caiu de 94% para 91% no mesmo período.
“Não é um retorno ao passado, esse momento vai passar mais rápido. A grande dificuldade hoje é a falta de isonomia. Todos [os estabelecimentos] que geram circulação de pessoas deveriam estar fechados. Manter igrejas abertas beira a piada, como disse aquele secretário, as pessoas se quiserem podem rezar em casa”, disse ele.
Entidades de varejo projetam queda nas vendas em março, em relação a março de 2020 em alguns setores e regiões, por causa dos fechamentos de atividades não essenciais em alguns estados por algumas semanas. A Iguatemi ainda informou que vai lançar o seu braço de “marketplace”, o Iguatemi 365, para o resto do país no primeiro semestre.
A rede de shoppings Iguatemi registrou lucro líquido atribuído aos sócios controladores de R$ 81,8 milhões no quarto trimestre de 2020, queda de 26% em relação aos R$ 110,6 milhões reportados em igual período de 2019. No ano, os ganhos somaram R$ 202,2 milhões, queda de 34,8% em relação ao ano de 2019.
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A receita líquida caiu 12,7%, para R$ 184,4 milhões, no comparativo anual, e no acumulado entre janeiro e dezembro atingiu R$ 684,2 milhões, recuo de 9,3%. De acordo com a companhia, a manutenção da “linearização” dos descontos no aluguel para os varejistas levou a queda da receita.
As vendas em mesmas lojas (em operação nos empreendimentos há mais de um ano) caíram no quarto trimestre 11,8% e as vendas em mesmas áreas recuaram 14,4%. Os aluguéis em mesmas lojas em colheram 3,3% e os aluguéis em mesmas áreas recuaram 10,1% no trimestre.
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