Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, aumentou em 5,9 milhões o número de brasileiros afetados pela falta de trabalho. No ano, o número de desalentados bateu recorde – foram 5,5 milhões de trabalhadores que desistiram de procurar emprego. Dados divulgados nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no quarto trimestre de 2020, faltava trabalho para 32 milhões de brasileiros. Dentre eles, 5,8 milhões desistiram de procurar uma oportunidade no mercado de trabalho.
Este contingente forma o que o IBGE classifica como trabalhadores subutilizados. Ele reúne os desempregados, os desalentados (que desistiram de procurar emprego), aqueles que estão subocupados (trabalham menos de 40 horas semanais), e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos.
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Na comparação com o quarto trimestre de 2019, aumentou em 5,9 milhões o número de trabalhadores subutilizados, o que corresponde a uma alta de 22,5%. Já na média anual, esse contingente chegou a 31,2 milhões, o maior já registrado pelo IBGE, com alta de 13,1% em relação à média do ano anterior, que equivale a 3,6 milhões de pessoas subutilizadas a mais.
Veja o que são considerados trabalhadores subutilizados, para os quais faltava trabalho, e quantos estavam nessa condição no 4º trimestre de 2020:
13,9 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias;
6,8 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
11,3 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial): grupo que inclui 5,8 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 5,5 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
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Com este contingente, a taxa composta de subutilização ficou em 28,7%, 5,8 pontos percentuais a mais que a registrada no 4 trimestre de 2019, que foi de 23,0%. Já a taxa média anual de subutilização ficou em 28,1% – a maior já registrada pelo IBGE – 3,9 p.p. acima do ano anterior, que foi de 24,2%.
Desalento bate recorde no ano
A crise no mercado de trabalho em 2020 fez com que o desalento batesse recorde no país. Na média anual, chegou a 5,5 milhões o número de brasileiros que desistiram de procurar emprego, número 16,1% maior que o de 2019 e o maior já registrado pelo IBGE.
Para a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy, pandemia está diretamente relacionada com o aumento do desalento. “Com os impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao vírus”, disse.
Segundo a pesquisadora, o mesmo foi observado entre a população na força de trabalho potencial, que também cresceu ao longo do ano.
“Esse processo causado pela pandemia, somado às dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho, podem ter reforçado a sensação de desalento”, enfatizou.
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