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Economia no 'BBB21': entenda a Curva de Phillips, citada por Gil no programa

Doutorando em economia usou teoria econômica – e seu estilo único – para justificar porque o Banco Central não poderia emitir moeda e distribuir dinheiro a todos. Curva de Philips: saiba o que é a teoria citada por Gil no BBB21
Há poucas dúvidas de que o economista mais popular do momento é Gilberto Nogueira, participante e um dos favoritos ao prêmio do “BBB21”. Um carisma único que lhe rendeu o apelido de “Gil do Vigor” e seu sucesso acadêmico chamaram atenção desde o início, voltando os olhos do Brasil ao que ele diz.
Depois de introduzir o país ao termo “basculho” – comum em Pernambuco e que significa “aquilo que todo mundo despreza, abaixo do lixo” –, Gilberto arriscou uma pequena aula de economia e colocou em pauta a Curva de Phillips, teoria que mostra a relação entre desemprego e inflação.
Entre um “tchaki” e outro, a explicação ganhou as redes sociais, apesar de um pouco confusa. O G1, então, decidiu esclarecer o conceito aos curiosos (veja mais no vídeo acima).
Como colorismo virou debate no ‘BBB21’ e por que negritude de Gilberto é questionada?
Gilberto Nogueira, doutorando em economia e participante do ‘BBB21’
Reprodução/Globoplay
A curva leva o nome do economista neozelandês A. W. Phillips (1914-1975) e fala sobre o impacto da população empregada nos preços. Fica fácil de entender ao imaginar uma crise econômica, como a pandemia de Covid-19.
Ao primeiro baque na economia, empresários tendem a reduzir custos cortando pessoal. Em grandes crises, esse efeito faz subir o índice de desemprego no país e diminui a renda da população.
Com menos dinheiro no bolso e menor disposição a consumir, há redução de demanda em todos os mercados. É preciso, assim, que empresários baixem os preços para garantir faturamento – entra aqui outro conceito básico da economia, a lei da oferta e demanda.
A Curva de Phillips tradicional, que relaciona aumento do desemprego com queda na inflação
Guilherme Pinheiro/Arte G1
Nesse cenário descrito, a curva de Phillips está montada: com mais desemprego, a renda é menor, e os preços tendem a cair. Em outras palavras, quanto maior o desemprego, menores os índices de inflação. E vice-versa.
Em sua explicação no “BBB21”, contudo, Gilberto mencionou a emissão de moeda, que seria justamente o outro lado dessa teoria.
A corrente majoritária dos economistas entende que a emissão de moeda e esse reforço de renda aumenta a disposição de consumo da população. O mesmo efeito tem a diminuição do desemprego, que aumenta a renda e dá conforto para gastar com itens além do básico para sobrevivência.
Nesses cenários, seja pela emissão de moeda para distribuição de renda ou pelo aumento do emprego, a demanda por bens e serviços aumenta, levando também o preço para cima. Menos desemprego, assim, significaria mais inflação.
Conceito antigo
A curva de Phillips foi criada há mais de 60 anos e passou por revisões ao longo desse tempo. Ficou claro que a teoria fazia sentido em janelas de período mais curtas e excluindo determinadas situações que ocorrem na economia real.
“A curva de Phillips tradicional fica devendo explicações sobre como choques de oferta que são temporários, por exemplo, geram um aumento de preços por conta dos custos de produção que não estão ligados ao aumento do custo do trabalho”, diz Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.
De volta à crise do coronavírus, o custo de insumos importados acabou sofrendo efeitos de câmbio, por exemplo. A inflação dos alimentos subiu de forma expressiva no Brasil nos últimos meses de 2020 mais por conta do dólar alto, que torna o produto mais competitivo no mercado global e desabastece o país, do que por renda alta e retomada do trabalho.
“No momento atual, por exemplo, os preços estão subindo não porque temos demanda elevada, mas porque temos aumentos de custos de produção que não estão ligados à redução do desemprego. Os preços aumentam sem termos aumentos no nível de emprego”, afirma a economista.
Parte dos economistas também defende que a emissão de moeda em situações severas, como a pandemia, não teria grandes efeitos na inflação.
Em entrevista recente ao G1, o professor da Fundação Getulio Vargas Nelson Marconi calculou o tamanho da expansão monetária produzida pelo governo com os programas de auxílio durante a crise. A ordem de crescimento foi de 33%. Incluindo títulos públicos e operações compromissadas, a alta foi de 14,6% entre março e setembro.
“Se tivesse uma relação direta, o aumento da inflação deveria ser maior. Claro que houve impacto em preços de alimentos, por exemplo, mas são resultados localizados. Não dá para dizer que isso é inflação consistente”, disse Marconi.
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