Pesquisa feita pelo Instituto DataSenado aponta ainda que a maioria das empresas não tinha a modalidade de trabalho implantada antes da pandemia. Ministerio Público do Trabalho cria 17 recomendações para home office
Pesquisa feita pelo Instituto DataSenado mostra que o home office melhorou a produtividade para 41% dos entrevistados. A maioria, no entanto, não recebeu auxílio da empresa para ter os equipamentos necessários ao trabalho nem ajuda para despesas com energia elétrica e internet. E quase 80% afirmaram trabalhar além do horário normal da jornada.
A pesquisa foi feita entre os dias 11 e 18 de setembro com 5 mil pessoas, em amostra representativa da população brasileira.
Produtividade aumentou
Para boa parte dos entrevistados, houve aumento de produtividade com o teletrabalho, tanto em relação ao próprio desempenho quanto ao da empresa.
Produtividade dos profissionais:
Aumentou: 41%
Permaneceu igual: 38%
Diminuiu: 19%
Produtividade da empresa:
Aumentou: 37%
Permaneceu igual: 34%
Diminuiu: 26%
Dois terços dos trabalhadores em home office trabalham por hora e um terço, por produtividade. Entre os que trabalham por jornada, 61% dizem receber mensagens, ligações ou e-mails fora do horário regular de trabalho. Além disso, 78% afirmam já ter trabalhado além do horário normal da jornada.
Mais da metade dos entrevistados (60%) afirmou que a empresa não tinha essa modalidade de trabalho implantada antes da pandemia, e 42% se julgavam sem preparo para começar a trabalhar remotamente. No entanto, para 70%, foi fácil se adaptar ao teletrabalho.
Entre os brasileiros que já trabalharam à distância, dois terços (66%) afirmaram que o trabalho nessa modalidade se deu em razão do isolamento social causado pela pandemia.
Sem ajuda para equipamentos e despesas
Sete em cada 10 trabalhadores (70%) já possuíam o equipamento necessário para realizar o trabalho em casa. E mais da metade (57%) respondeu que os equipamentos eram próprios.
A maioria dos trabalhadores remotos (68%) não recebeu auxílio da empresa para ter os equipamentos necessários ao trabalho. Segundo os resultados, a maior parte dos trabalhadores remotos pagam a energia elétrica e a internet que utilizam para trabalhar em casa.
No caso da energia elétrica, 86% pagam a totalidade dos valores. Outros 11% pagam com ajuda da empresa e somente 3% afirmaram que a empresa paga as despesas.
Em relação à internet, 84% pagam a totalidade da despesa, 10% pagam com ajuda da empresa e 6% têm o pagamento integral feito pela empresa.
Redução de salário e perda de benefícios
Aproximadamente um em cada cinco (19%) trabalhadores remotos teve redução de salário ao iniciar o teletrabalho. Além disso, quase um quarto (24%) perdeu algum benefício ou auxílio que era pago no trabalho presencial.
Maiores dificuldades e vantagens
Em relação às dificuldades enfrentadas ao iniciar o teletrabalho, a mais citada foi a falta de internet de qualidade e conciliar trabalho com tarefas domésticas:
Falta de internet de qualidade: 22%
Conciliar trabalho com tarefas domésticas: 20%
Falta de equipamento de informática adequado: 16%
Falta de convívio com colegas de trabalho: 15%
Falta de local adequado em casa: 9%
Sobrecarga de trabalho: 9%
Outro: 5%
Não tive dificuldade: 3%
Já a vantagem do teletrabalho citada em maior frequência é o horário flexível, seguida de ter mais tempo para a família:
Horário flexível: 28%
Ter mais tempo parta a família: 24%
Não ter deslocamento para o trabalho: 24%
Diminuição de despesas: 12%
Maior produtividade: 7%
Não vejo vantagem: 2%
O teletrabalho trouxe benefícios também para a vida pessoal, segundo a pesquisa. A maioria dos entrevistados percebeu aumento no nível de bem-estar pessoal (49%) e melhoria no ambiente familiar (48%).
Tempo de deslocamento
Antes de começar o teletrabalho, 50% dos entrevistados gastavam mais de 15 minutos a 1 hora no deslocamento até chegar no local de trabalho:
Mais que 15 minutos até 30 minutos: 25%
Mais que 30 minutos até 1 hora: 25%
Até 15 minutos: 17%
Mais que 1 hora e meia até 2 horas: 14%
Mais que 1 hora até 1 hora e meia: 12%
Mais que 2 horas: 4%
Gastos diminuem
Após entrar em home office, os gastos mensais diminuíram para 36% dos pesquisados, permaneceram iguais para 34% e aumentaram para 29% dos entrevistados.
Modelo híbrido de trabalho
Mais da metade de quem trabalha em home office afirma que iria preferir um emprego em modelo híbrido, parte em casa, parte presencial, caso recebesse uma proposta de trabalho:
Em parte presencial: 56%
Totalmente presencial: 21%
Totalmente teletrabalho: 19%
Recomendações do MPT para o home office
O Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou uma nota técnica com 17 recomendações para o trabalho em home office para empresas, sindicatos e órgãos da administração pública alegando que o objetivo é garantir a proteção dos trabalhadores.
Entre os pontos abordados pelo MPT estão a preservação da privacidade, reembolso de despesas, infraestrutura para o trabalho remoto, informação sobre desempenho, ergonomia, pausa para descanso, ajuste de escala para as necessidades familiares e controle de jornada – veja aqui todos os pontos.
Segundo Peterson Vilela, advogado trabalhista do L.O. Baptista Advogados, as recomendações não têm força de lei, mas são uma espécie de ‘roteiro’ utilizado pelo MPT para as denúncias envolvendo a modalidade de home office.
Assista à live Agora é Assim sobre trabalho pós-pandemia:
Comentar