A duas semanas das eleições, Donald Trump sinalizou estar disposto em concordar com pacote superior a US$ 2,2 trilhões para alívio à Covid-19. Donald Trump, presidente dos EUA e candidato republicano à reeleição
Carlos Barria/Reuters
A Casa Branca e os democratas no Congresso dos Estados Unidos aproximaram-se de um acordo sobre um novo pacote de alívio ao coronavírus nesta terça-feira (20), quando o presidente Donald Trump disse que estava disposto a aceitar um grande pacote de auxílio, apesar da oposição de seu próprio Partido Republicano.
A apenas duas semanas das eleições presidenciais norte-americanas, Trump sinalizou disposição de concordar com um pacote de montante superior a US$ 2,2 trilhões para alívio à Covid-19, como os democratas vinham pressionando há meses.
“Eu quero isso ainda maior do que os democratas (querem)”, disse Trump, em entrevista à Fox News, enquanto as tratativas entre a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, continuaram com o objetivo de conseguir algo que fosse aprovado pelo Congresso antes de 3 de novembro.
Falando a repórteres após um telefonema com Mnuchin na tarde desta terça (20), Pelosi foi questionada sobre as perspectivas de um pacote de auxílio ser anunciado até o fim desta semana.
“Espero que sim. Esse é o plano”, disse ela, sem dar detalhes de sua conversa.
Posteriormente, o porta-voz do gabinete de Pelosi, Drew Hammill, afirmou que um telefonema de 45 minutos entre a presidente da Câmara e Mnuchin foi produtivo “à medida que eles se aproximam de um acordo”.
Hammill disse que as negociações continuarão na quarta-feira (21).
A Casa Branca propôs um valor de US$ 1,8 trilhão em estímulo, enquanto Pelosi está pressionando pelo montante de US$ 2,2 trilhões.
Mais cedo nesta terça-feira (20), Pelosi havia dito à Bloomberg TV: “Estou otimista, porque acho que temos… uma avaliação compartilhada de que, finalmente, eles querem acabar com o vírus. Espero que até o fim do dia de hoje saibamos onde estamos todos”.
A líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi
Alex Edelman/AFP
Pelosi disse que a ajuda aos governos estaduais e locais e as demandas republicanas por proteção a responsabilidade civil para empresas continuam a ser pontos difíceis.
Mas ela sugeriu que os democratas poderiam encontrar motivos para concordarem com as proteções a responsabilidade se o governo endossar ideia de eliminar certos termos buscados pelo líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, os quais ela acredita que ofuscariam as proteções para os trabalhadores.
Os republicanos do Senado têm reiterado sua oposição a gastos adicionais em alívio relacionado à Covid-19 próximos do patamar de US$ 2 trilhões e têm focado iniciativas menores.
McConnell disse que, se Pelosi e a Casa Branca chegarem a um acordo e ele for aprovado pela Câmara, o Senado irá considerá-lo.
“Estou ciente de que as discussões continuam entre o presidente e a presidente da Câmara sobre um pacote maior”, disse ele a repórteres. “Obviamente, se isso acontecesse, teríamos que considerar. E consideraríamos.”
No entanto, vários republicanos do Senado foram cautelosos, não se comprometendo ou simplesmente negando o auxílio de US$ 1,8 trilhão ou mais.
“Acho muito improvável que um número desse montante consiga passar pelo Senado e não apoio algo desse nível”, disse o senador Mitt Romney a repórteres. “Eu gostaria de ver feito algo muito mais direcionado para as pessoas que realmente precisam de ajuda, e gostaria de ver feito o mais rápido possível.”
Sintonia
Trump previu que os republicanos do Senado estariam em sintonia se Mnuchin e Pelosi chegassem a um amplo acordo bipartidário. Ele também disse que estaria disposto a aceitar um acordo aprovado principalmente com o apoio democrata.
“Nem todo republicano concorda comigo, mas eles concordarão”, disse Trump. O presidente acrescentou esperar especificamente o apoio de McConnell: “Ele estará a bordo se algo acontecer”.
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Pelosi e Mnuchin têm negociado de forma errática desde agosto em torno de um novo plano de alívio ao coronavírus para auxiliar os norte-americanos atingidos pela pandemia do coronavírus, que infectou mais de 8,2 milhões de pessoas, matou mais de 220 mil e eliminou milhões dos postos de trabalho.
Qualquer novo estímulo se somaria aos US$ 3 trilhões em ajuda aprovada pelo Congresso meses atrás.
A presidente da Associação de Comissários de Bordo-CWA, Sara Nelson, enviou uma carta aos membros do Congresso nesta terça-feira (20) solicitando uma ação antes da eleição.
“Agora é a hora. Não há efeito retroativo que o Congresso possa aplicar ao impacto humano causado pela demora na assistência”, disse ela. Mais de 32 mil trabalhadores do setor aéreo foram dispensados enquanto aguardam outra rodada de auxílio.
O Senado também planeja uma votação na quarta-feira (21) de uma proposta republicana de mais de US$ 500 bilhões para incluir seguro-desemprego e ajuda para escolas.
Isso proporcionaria às pessoas US$ 300 em benefícios federais semanais de desemprego, enquanto os democratas querem voltar ao nível de US$ 600 semanais inclusos numa medida aprovada no início deste ano.
Os democratas obstruíram uma proposta republicana semelhante no mês passado e a medida da quarta-feira (21) também deve fracassar.
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