O movimento foi mais intenso na chamada “barriga da curva”, mostrando que investidores passaram a ver mais chances de a elevação da Selic ser adiantada. Natuza Nery: ‘Rogério Marinho não vai responder Paulo Guedes’
Comentários supostamente feitos pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PSDB-RN), sobre o Renda Cidadã e o trabalho do ministro da Economia, Paulo Guedes, mantiveram no foco o momento ruim da articulação política do governo do presidente Jair Bolsonaro, levando investidores a novamente incorporarem maior prêmio na curva de juros.
O movimento foi mais intenso na chamada “barriga da curva”, mostrando que investidores passaram a ver mais chances de a elevação da Selic ser adiantada.
Segundo Juliana Inhasz, coodenadora de economia do Insper, os juros futuros antecipam o tamanho do risco da economia no futuro. Ou seja, atuam como um termômetro sobre a percepção do mercado sobre a economia do país, avaliando fatores como políticas de retomada da economia, risco fiscal e crescimento do PIB.
“Quando ela [curva de juros futuros] aponta para cima, significa que os investidores enxergam mais risco para a economia no futuro do que ela já tem hoje e é sinal de que eles não confiam tanto nas políticas econômicas do governo”, explicou a economista.
No encerramento da sessão regular desta sexta-feira (2), às 16h, o rendimento do contrato do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu a 3,40%, de 3,12% no ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2023 avançou de 4,61% para 4,85%.
Já o yield do contrato (dividendo do contrato) para janeiro de 2025 passou de 6,53% para 6,73% e o do DI janeiro/2027 chegou a 7,63%, de 7,50% no ajuste anterior.
Fatores externos, como os ruídos entre Guedes e Marinho nesta sexta-feira, também têm forte impacto nos juros, uma vez que “mudam a percepção das pessoas sobre o que vai acontecer com o país no futuro”, acrescentou Juliana.
“O mercado começa a se questionar sobre a condução das políticas econômicas. E quando ele começa a se exaltar, joga a curva para cima. Quando tudo está tranquilo, a curva vai para baixo”, comparou a professora.
Conflitos no governo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou em entrevista nesta sexta-feira um suposto interesse em furar o teto de gastos da economia brasileira para “fazer política” e “ganhar eleição”.
“Uma coisa é você furar o teto porque você está salvando vidas em ano de pandemia, e isso ninguém pode ter dúvidas. Se a pandemia recrudescer e voltar em uma segunda onda, aí sim nós decisivamente vamos fazer algo a respeito. E aí sim, é o caso de você furar o teto”, declarou.
“Agora, você furar teto para fazer política, para ganhar eleição, para garantir, isso é irresponsável com as futuras gerações. Isso é mergulhar o Brasil no passado triste de inflação alta”, prosseguiu.
Segundo reportagem do serviço Broadcast, do jornal “O Estado de S. Paulo”, Marinho disse que foi Guedes o autor da proposta de usar dinheiro de precatórios para financiar o novo programa social do governo, chamado Renda Cidadã. O ministro da Economia rechaçou a ideia publicamente nesta quarta (30)
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