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Queimadas em terras indígenas de RO têm alta de 24% de janeiro a setembro na comparação com 2019, revela Inpe

São 602 pontos de chamas notificados este ano contra 482 no ano passado. Número de focos de queimadas registrados no mesmo período em toda Rondônia teve queda de 21,9% também na comparação com os nove meses do ano passado. Pasto após queimada ao redor do território Karipuna, em Rondônia.
Fábio Tito/G1
O número de focos de queimadas registrados pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em terras indígenas (TIs) de Rondônia nos nove primeiros meses de 2020 tem alta de 24,8% na comparação com o mesmo período em 2019.
Entre 1º de janeiro e 30 de setembro, foram registrados 602 pontos de fogo este ano nos povos com mais focos contra 482 no ano passado.
Porém, se o recorte dos dados for comparado a toda Rondônia, o quantitativo de focos revela queda de 21,9% também em relação aos nove primeiros meses do ano passado. Foram 8.074 focos ativos notificados no estado contra 10.345 em 2019.
Acompanhe os registros diários dos focos
O Programa Queimadas do Inpe analisa a situação das TIs considerando os focos dentro e fora do seu território. As terras indígenas Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna estão entre as mais castigadas pelo fogo no entorno do limite demarcado este ano.
Confira a lista das TIS com mais focos de queimadas abaixo:
Massaco – 95
Rio Branco – 75
Uru-Eu-Wau-Wau – 72
Pacaas Novas – 62
Karipuna – 55
Igarapé Lage – 33
Roosevelt – 33
Igarapé Lourdes – 30
Sete de Setembro – 29
Rio Negro Ocaia – 23
Tubarão Latunde – 18
Queimadas na terra indígena Uru Eu Wau Wau
Reprodução/TV Globo
No caso dos Karipuna, o fogo encontrado na fronteira é consequência das fazendas que cercam o território. Os produtores desmatam e depois queimam para conseguir manter o pasto para o gado. No ano passado, a Karipuna esteve no ranking das 10 terras mais desmatadas do Brasil. Em outubro de 2019, o G1 esteve na região e revelou que a base da Fundação Nacional do Índio (Funai) na TI foi destruída.
Em abril deste ano, entidades já alertavam sobre o avanço de grileiros dentro dos povos. O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Roque Paloschi, por exemplo, declarou à época que que o Governo Federal tem sido “anti-indígena” referente à segurança das comunidades.
Nesse mesmo mês, indígenas da terra Karipuna denunciaram terem visto ao menos quatro pessoas desmatando a floresta. A Funai, por sua vez, negou na ocasião que se exime das obrigações legais, “sempre primando pelo zelo e atenção em suas ações, as quais repercutem diretamente sob o modo de vida dos indígenas”.
Ciclo do desmatamento
As queimadas na Amazônia têm relação direta com o desmatamento. O fogo é parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio. É o chamado “ciclo de desmatamento da Amazônia”.
Após o fogo, o pasto costuma ser o primeiro passo na consolidação da tomada da terra. Nos casos em que a ocupação não é contestada e a terra é de qualidade, o próximo passo é a exploração pela agricultura.
O que provoca as queimadas?
Para haver fogo, é preciso combinar: fontes de ignição (naturais, como raios, ou antrópicas, como isqueiros ou cigarros); material combustível (ter o que queimar, como madeiras e folhas); e condições climáticas (seca).
Como a Amazônia é uma floresta tropical úmida, os incêndios mais recorrentes ocorrem quando a madeira desmatada fica “secando” por alguns meses e, depois, é incendiada para abrir espaço para pastagem ou agricultura. Segundo especialistas, um incêndio natural não se alastraria com facilidade na Amazônia.
As queimadas são apenas uma das etapas do ciclo de uso da terra na Amazônia. Depois do desmate, se nada de novo acontecer, a floresta pode se regenerar. Uma floresta secundária, no entanto, nunca será como uma original, mesmo que uma parte da biodiversidade consiga se restabelecer. Na prática, o que acontece é que a mata não tem tempo de crescer de novo.
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