Áreas queimadas aumentaram122% na comparação com o mesmo período do ano passado. Fogo atingiu quase todas as unidades de conservação e terras indígenas da região. Imagens em time-lapse mostram o avanço das queimadas no Pantanal
O fogo no Pantanal em 2020 já destruiu 3.461 hectares, o equivalente a 23% do bioma, até 27 de setembro. No mesmo período do ano passado, as queimadas destruíram 1.559 hectares, ou seja, o aumento na atual temporada de queimadas foi de 122%.
Os dados são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que estima em tempo quase real as áreas queimadas no Pantanal.
De janeiro a 27 de setembro de 2020, segundo o Lasa, foram consumidos no Pantanal pelo fogo:
Total de 3.461 hectares, cerca de 23% de todo o Pantanal
2.053 hectares do Pantanal no Mato Grosso
1.408 hectares do Pantanal no Mato Grosso do Sul
A professora do Lasa, Renata Libonati, responsável pelo monitoramento, explica que o fogo avançou nos últimos 60 dias no Pantanal e já destruiu grande parte de reservas naturais e terras indígenas.
“Houve uma evolução significativa da área queimada nestes últimos dias, principalmente na região da Serra do Amolar, no Pantanal norte, alcançando o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e algumas RPPN [Reserva Particular do Patrimônio Natural]”, aponta Libonati.
“Essas queimadas iniciaram fora do Parque Nacional e das Reserva Particular do Patrimônio Natural, mas avançaram para essas localidades”, explica.
Em 2020, 23% do bioma do Pantanal foi destruído pelo fogo dos incêndios
A pesquisadora destaca que as queimadas já destruíram mais da metade da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Elizer Batista. “60% da sua área foi atingida pelo fogo até a segunda-feira (28). Além disso, também teve avanço do fogo no sul do Pantanal”, diz.
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Das 24 Unidades de Conservação do Pantanal, além Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Elizer Batista, outras 13 unidades foram atingidas pelo fogo até o momento. As mais afetadas são:
Parque Estadual Encontro das Águas, com 84,5% do território
Reserva Particular do Patrimônio Natural Arara Azul, com mais de 89% do território
Sesc Pantanal, com mais de 82% do território
Terras indígenas
Em relação às terras indígenas, segundo os dados do Lasa, todos os sete territórios indígenas do Pantanal foram atingidos. A Terra Indígena Perigara é a mais afetada, com mais de 93% do seu território consumido pelo fogo. Pelo menos 35 famílias do povo bororo que vivem na TI foram afetadas.
Outras áreas indígenas severamente afetadas são a Terra Indígena Tereza Cristina, com 89,2% do território queimado, e a Terra Indígena Baía dos Guató, com 85,4%.
Como é feito o monitoramento do Lasa
Com proposta diferente do Inpe, que monitora o Pantanal mensalmente, os cientistas do Lasa monitoram diariamente a localização e a extensão das áreas queimadas no Pantanal. Eles utilizam o Sistema ALARMES (Alerta de Área queimada com Monitoramento Estimado por Satélite), criado em Portugal e em fase de validação no Brasil.
Segundo o site do Lasa, o sistema ALARMES combina imagens de satélites da Nasa, a agência espacial americana, com focos de calor e inteligência artificial para identificar novas áreas atingidas pelo fogo no intervalo de 1 em 1 dia.
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