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Na Fontana di Trevi, as selfies são para os turistas mais importantes que as máscaras

Polícia italiana tem sérias dificuldades para impor o uso de máscaras aos visitantes que querem tirar selfies turistas
Vincenzo Pinto/ AFP
“Tirem-na!, Tirem-na!”. Imediatamente depois que o policial se vira, um pai de família diz aos seus filhos que tirem suas máscaras. Na Fontana di Trevi, a prioridade dos turistas não é se proteger do novo coronavírus, mas sim tirar boas fotos.
Em frente a esse imponente monumento barroco, um dos locais mais turísticos em Roma, a polícia italiana tem sérias dificuldades para impor o uso de máscaras aos visitantes que querem tirar selfies.
Desde segunda-feira (17), o uso de máscaras é obrigatório à noite nas áreas mais movimentadas da capital italiana.
Com a medida, juntamente com o fechamento de boates, as autoridades esperam deter uma nova onda de casos da Covid-19 em um momento em que os surtos se multiplicam por vários países europeus.
“Veem ela? Eu imaginei que fosse menor”, afirma aos colegas um adolescente, vestido com uma camisa de um time de futebol, diante do monumental complexo de esculturas esculpido em travertino e mármore de Carrara.
Alguns policiais municipais fazem questão de lembrar: “Pessoal, vocês devem colocar as máscaras depois das 18h!”.
Assim que começa o crepúsculo, chega-se a um dos momentos do dia com a maior presença de visitantes no centro da capital italiana, com turistas que enchem as vielas usando suas bermudas, óculos escuros, enquanto degustam um “gelato”.
“Vou fazer um pedido, vou jogar uma moeda (na fonte)”, diz uma menina espanhola, usando uma camiseta rosa, ao lado da mãe.
“Mamacitaaaa”
Um mendigo com pés deformados em decorrência da poliomielite pede esmolas e batedores de carteira se aglomeram na multidão, ao mesmo tempo em que os turistas preparam seus celulares para imortalizar sua visita ao monumento que tornou mundialmente famoso o filme “La dolce vita”, de Federico Fellini.
“Mamacitaaaa!”, grita uma família latino-americana enquanto posam para uma foto.
Italianos, ingleses, franceses e até mesmo alguns indianos e chineses, todos posam de frente para a tela dos seus telefones ou câmeras.
A estátua de Netuno, deus do oceano, concentra o olhar dos curiosos, no centro de um monumento construído em 1732 pelo Papa Clemente XII em homenagem ao oceano e a beleza das águas.
No entanto, três séculos depois, seus visitantes têm como objetivo principal tirar uma selfie e postá-la em suas contas do Instagram, Snapchat ou TikTok, e por isso ignoram o uso da máscara, que pode estragar o registro do momento.
Nesse cenário, os policiais insistem em seu dever: “Senhoras e senhores, coloquem a máscara”, afirmam os agentes, responsáveis por constantemente alertá-los, com placas com a mensagem traduzida para os estrangeiros, em relação ao respeito necessário às medidas adotadas para impedir o pandemia.
Eles repetem a mesma mensagem a partir do alto-falante de um veículo policial, ainda que a maioria dos turistas os ignore e retirem as máscaras para tirar fotos quando os policiais param de fiscalizar.
“Vamos lá, tirem as máscaras”, repete um pai, embora seu filho estivesse confuso com a ordem.
“Fui chamado atenção por um policial”, brinca um jovem francês, enquanto outro visitante espanhol reconhece o que a maioria dos turistas pensa ao estar em frente à Fontana de Trevi:”É muito melhor se fotografar sem máscara”.

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