Paleontólogo Alceu Ranzi foi um dos primeiros a estudar os sítios arqueológicos encontrados no Acre. Antes e depois dos geoglifos serem aterrados
Arte G1
O paleontólogo Alceu Ranzi, um dos primeiros a estudar os geoglifos no Acre, disse que o aterro dos sítios arqueológicos localizados na Fazenda Crixa II, na cidade de Capixaba, interior do Acre, é muito grave e traz preocupação para a paleontologia. A propriedade pertence ao presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Veronez.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acionou o Ministério Público Federal e a Justiça Federal do Acre após descobrir que os sítios foram aterrados durante o processo de plantio de grãos.
Os geoglifos são estruturas milenares escavadas no chão com formas geométricas que surpreendem pela precisão e são protegidos por lei federal. Apenas no Acre já foram descobertos mais de 800 sítios arqueológicos. O estado é o que tem mais número de geoglifos no país.
Imagens de satélites divulgadas pelo Iphan mostram a área antes e depois do plantio, com os geoglifos aterrados.
“A destruição desse monumento é muito grave e, ao mesmo tempo, nos indica a necessidade de muita educação patrimonial para que os proprietários tomem conhecimento de que em suas áreas existem esses monumentos e a necessidade de preservá-los para o futuro”, explicou à Rede Amazônica Acre o paleontólogo.
Paleontólogo Alceu Ranzi fala sobre geoglifos aterrados em fazenda; dono se defende
O estudioso disse ainda que as imagens de satélites que mostram a destruição alertam também para a necessidade de conscientizar a população sobre a importância dos sítios arqueológicos.
“A importância dos geoglifos do Acre foi reconhecida pelo governo brasileiro ao ponto de serem indicados para Unesco para reconhecimento de patrimônio da humanidade. O registro obtido pelo satélite da destruição desses monumentos nos traz preocupação e temos que trabalhar imensamente para conscientização da manutenção desses monumentos, desses legados que foram deixados para nossas gerações pelos que nos antecederam, os habitantes da Amazônia, e temos que levar para o futuro”, frisou.
Na sexta (7), o Iphan fez uma fiscalização na fazenda para avaliar os danos. O dono da propriedade, Assuero Veronez, voltou a dizer que está à disposição das autoridades para ajudar a remediar os danos causados.
“Estou à disposição da autoridade competente para que analise a questão e passe toda orientação técnica que tentaremos reparar os danos ou mitigar de forma ainda a preservar o sitio histórico. Acho que para efeito de pesquisa arqueológica não há tanto prejuízo, porque houve o aterramento de uma vala, mas está preservado ali, pode fazer as escavações em busca de algum elemento histórico. Mas, para efeito de turismo ou de beleza cênica temos um prejuízo, mas acho que não é o caso de tanta relevância, é de relevância para a arqueologia”, destacou.
Geoglifos foram aterrados para plantio em fazenda no Acre
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