Reduções devem levar a uma redução máxima de apenas 0,01ºC na temperatura do planeta, segundo os cientistas. A pesquisa foi publicada em revista do grupo ‘Nature’, um dos mais importantes do mundo. Pessoas usam máscaras como proteção contra a Covid-19 enquanto caminham ao longo do rio Vistula, em Varsóvia, na Polônia, no dia 10 de maio.
Wojtek Radwanski / AFP
A redução nas emissões globais de gases estufa e de poluentes por causa da pandemia de Covid-19 será “insignificante” para alterar o rumo das mudanças climáticas na Terra, aponta estudo publicado nesta sexta-feira (7) na revista “Nature Climate Change”, do grupo “Nature”, um dos mais importantes do mundo.
De acordo com os cientistas de várias universidades e centros de pesquisa do Reino Unido, da Alemanha e dos Estados Unidos, a queda nas emissões ligadas a atividades econômicas devem levar a uma redução de 0,005ºC a 0,01ºC na temperatura do planeta.
Os pesquisadores contrapõem, entretanto, que, se uma “recuperação verde” for buscada, o aquecimento global poderia ser mantido abaixo dos 1,5ºC até 2050. Esse aumento é a meta proposta por especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) para que os piores efeitos das mudanças climáticas sejam evitados.
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No estudo, os cientistas analisaram dados de mobilidade de 123 países, responsáveis por mais de 99% das emissões de gás carbônico no mundo, entre fevereiro e junho. Com as informações, eles estimaram as mudanças na emissão de gases estufa e poluentes e sugeriram que o pico das reduções foi em abril.
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Os efeitos das mudanças a curto prazo, entretanto, terminam em 2025.
Para avaliar os impactos a longo prazo, eles modelaram cinco cenários possíveis no futuro, depois da pandemia, em relação à emissão de gases e poluentes:
O primeiro é o cenário normal (sem restrições pela Covid-19), usado como referência, no qual os países continuam com as emissões conforme previsto nas contribuições determinadas por cada nação (as Contribuições Nacionalmente Determinadas, NDCs, na sigla em inglês) para conter as mudanças climáticas.
No segundo cenário, há um pequeno “desvio”, de dois anos, da tendência normal. Nessa hipótese, 66% das restrições ligadas ao novo coronavírus (Sars-CoV-2) impostas em junho continuariam até o fim de 2021. Nesse caso, as emissões retornariam, linearmente, ao nível “normal” até o fim de 2022. Este cenário também prevê a necessidade de “lockdowns parciais” até o fim de 2023 por causa da Covid-19.
No terceiro cenário, de uma recuperação baseada em combustíveis fósseis e sem estímulo a outras alternativas, as emissões em 2030 passam a ser 10% maiores que no cenário normal – com tendência a continuar assim depois desse ano.
No quarto cenário, de “estímulo verde moderado”, há o mesmo “desvio” de dois anos da tendência normal de emissões que, depois, volta a crescer, mas nunca alcança os níveis do cenário de referência. Como resultado, há uma queda de 35% na emissão de gases estufa até 2030, e a emissão de CO2 é zerada globalmente até 2060.
No quinto cenário, de um “forte estímulo verde”, há uma queda de cerca de 50% na emissão de gases estufa até 2030. Essa tendência continua, e a emissão de CO2 é zerada globalmente até 2050.
“Esses resultados destacam que, sem a descarbonização das economias a longo prazo em todo o sistema, mesmo mudanças maciças de comportamento [adotadas durante a pandemia] levam apenas a reduções modestas na taxa de aquecimento”, frisam os autores.
Eles destacam que as opções de investimento econômico para a recuperação pós-pandemia afetarão fortemente a trajetória de aquecimento em meados do século.
“Buscar uma recuperação com estímulo verde para sair da crise econômica depois da Covid-19 pode colocar o mundo no caminho certo para manter à vista a meta de longo prazo do Acordo de Paris”, dizem.
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O trato internacional, assinado em 2015, prevê uma série de mecanismos para a cooperação internacional e visa à redução das emissões de gases do efeito estufa.
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