A suspensão foi anunciada um dia depois do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se encontrar com garimpeiros e indígenas favoráveis ao garimpo, que pediram que a operação fosse suspensa. Ministério da Defesa suspende ações de combate aos garimpos ilegais em terra indígena
O Ministério da Defesa suspendeu, nesta quinta-feira (6) uma operação de combate a garimpos ilegais na terra indígena Munduruku, no Pará. A suspensão foi anunciada um dia depois de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se encontrar com garimpeiros e indígenas favoráveis ao garimpo, que pediram que a operação fosse suspensa.
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Fiscais do Ibama gravaram a operação no oeste do Pará. Imagens mostram a devastação provocada pelo garimpo na floresta, que avança por uma grande área e deixa para trás piscinas de água barrenta contaminada. Na operação, os fiscais atearam fogo a equipamentos como pás-carregadeiras, chamadas de PC pelos garimpeiros, que chegam a custar R$ 500 mil cada. O clima ficou tenso. Em áudios obtidos pelo Jornal Nacional, garimpeiros falam em derrubar o helicóptero usado na operação.
“Pois é, amigo. isso aí era para ter reunido a moçada tudinho. Aí o cara prefere perder uma PC, quatro, cinco PCs do que… Moço, mete bala para cima, meu amigo, e joga um helicóptero desse no chão, moço. Joga um helicóptero desse no chão. É mil ‘vez’, aí eles ‘vai’ pensar duas vezes de encostar num garimpeiro”, afirma um homem no áudio. PC é uma forma de referir às máquinas pesadas usadas no garimpo.
Garimpeiros e indígenas que trabalham com eles chegaram a invadir, nesta quarta (5), a pista do aeroporto de Jacareacanga para protestar contra a operação, e impediram a decolagem de um avião que dava apoio à operação.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que estava em viagem nesta quarta à região, conversou antes com o grupo, que pediu que a operação fosse interrompida. Ricardo Salles defendeu uma negociação com eles.
O Brasil vive esse dilema, de reconhecer, afinal de contas, depois de tanto tempo, que os indígenas têm o direito de escolher como querem viver. Têm o direito de escolher que atividade econômica querem fazer. Pare de fazer de conta que essa história de que os indígenas não querem garimpar ou não querem produzir lavoura ou não querem, em certos casos, ter atividades ligadas ao setor madeireiro florestal, como se isso fosse uma verdade absoluta”, afirmou Salles.
Depois da conversa de Ricardo Salles com os garimpeiros, a operação de fiscalização foi suspensa, os helicópteros do Ibama não decolaram nesta quinta, e uma comitiva de representantes da região que defendem o garimpo em terra indígena embarcou para Brasília para se reunir com autoridades do governo.
Em nota, o Ministério da Defesa disse que “reitera que a Operação Verde Brasil 2, de combate a delitos ambientais na Amazônia Legal, continua em andamento. Contudo, as ações na terra indígena Munduruku, no estado do Pará, foram interrompidas para reavaliação”. Mas não deu mais detalhes do motivo que levou à suspensão da fiscalização contra o garimpo.
O Ministério do Meio Ambiente disse, em nota, que não houve “nenhuma reunião com garimpeiros, mas protesto dos indígenas inconformados com a fiscalização sobre o garimpo que eles mesmos realizam.”
A coordenadora do Instituto Socioambiental disse que o debate sobre o garimpo em terras indígenas tem que acontecer no Congresso Nacional, e que, até lá, essa atividade tem que ser coibida porque é ilegal.
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