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Meio Ambiente

Em 33 anos, Amazônia perdeu 724 mil km² de floresta e vegetação em região que abrange 9 países

Conhecida como ‘Pan-Amazônia’, a área tem 8,47 milhões de km² e envolve Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. 18 de abril de 2016 – Uma aldeia Yanomami é vista durante a operação do Ibama contra a mineração ilegal de ouro em terras indígenas.
Bruno Kelly/Reuters
A Pan-Amazônia, região de floresta amazônica que abrange 9 países, perdeu 724 mil km² de cobertura florestal e vegetal entre 1985 e 2018, de acordo com uma análise feita pelo MapBiomas Amazônia, divulgada nessa quinta-feira (2). A área perdida equivale à soma dos estados de SC, PR, SP, RJ, ES, ou a todo o território do Chile.
Desses 724 mil km², a maior parte (692 mil km²) era área de floresta, e 32 mil km², vegetação natural. Isso significa que, em 2018, havia 10% menos floresta na Pan-Amazônia do que em 1985, como mostra a imagem abaixo.
Imagem mostra a mudança do uso da terra da Pan-Amazônia. Em 1985, havia maior cobertura florestal e de vegetação. Em 2018, já é possível ver em amarelo a área de floresta desmatada.
MapBiomas/Infografia/G1
“É a primeira vez que se enxerga a Amazônia como um todo. Com isso, a gente consegue entender onde estão acontecendo as transformações mais rápidas, onde está mudando a cobertura de uso do solo”, afirma Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.
A região da Pan-Amazônia abrange a área de floresta no Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
O Brasil concentra a maior parte do bioma (61,8%) e foi também o país que mais perdeu cobertura florestal no período, tanto em termos absolutos quanto proporcionais: são 624 mil km² a menos. Em seguida, vem Bolívia, com 36 mil km²; Peru, com 16 mil km², e Colômbia, com 14 mil km².
Na contramão, Guiana e Suriname ganharam cobertura florestal, com 1,7 mil km² e 600 km², respectivamente.
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Avanço da agricultura
Criação de gado em Alta Floresta, norte de Mato Grosso, dentro do bioma Amazônia
Divulgação/Pecsa
No mesmo período, a área voltada à agricultura e pecuária teve aumento de 172% no bioma.
Em 1985 eram 415 mil km² com atividades de agropecuária em toda a Pan-Amazônia. Em 2018, passou para 1,12 milhão de km² – quase três vezes mais.
A maior parte do crescimento veio do Brasil. Em 1985, eram 319 mil km² de terras para a agropecuária. Em 2018, eram 960 mil km².
Territórios indígenas e áreas protegidas
O desmatamento no período avançou sobre unidades de conservação. Dos 692 mil km² de floresta amazônica perdida no período em toda a região, 50 mil km² estavam em territórios indígenas e áreas naturais protegidas.
Segundo Tasso Azevedo, as unidades de conservação são importantes mecanismos para frear a derrubada de florestas nativas.
Ele afirma que, entre 1985 e 2018, foram perdidos 1% de cobertura florestal nas áreas protegidas. “Nas áreas fora das unidades de conservação, perdemos 20%. O que mostra que as unidades de conservação e as terras indígenas são uma super barreira de proteção”, afirma.
Terra Indígena Ituna-Itatá, no PA.
Reprodução / Jornal Nacional
Um outro levantamento, feito pelo Instituto Pesquisa Amazônia (Ipam) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), aponta que a Amazônia tem 23% de floresta em terras públicas não destinadas registradas ilegalmente como propriedades privadas.
O percentual representa 11,6 milhões de hectares de florestas públicas “tomadas” ao longo de 21 anos (1997-2018). Ao todo, a Amazônia tem 49,8 milhões de hectares de florestas sem destinação.
A consequência da falta de destinação destas áreas é a invasão de grileiros e o aumento do desmatamento e das queimadas: as árvores são derrubadas e incendiadas para abrir espaço ao pasto e ao gado, dando aspecto de “produtividade” à área. Caso fossem destinadas a unidades de conservação, a proteção à vegetação nativa poderia ser mais efetiva.
“Existe um problema fundiário sério na Amazônia. Há um caos. Parte desta solução é destinar para proteção, ou para terras indígenas ou para uso sustentável de terras naturais, como manda a lei de floresta pública de 2006. Na medida em que essas áreas públicas não são destinadas, em que você não diz em que tipo de categoria ela vai se encaixar, você abre um flanco grande para grilagem”, avalia o diretor executivo do Ipam e um dos autores do estudo, Paulo Moutinho.
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