Cervejaria tira rótulo de produção depois de acusação de racismo thumbnail
Economia

Cervejaria tira rótulo de produção depois de acusação de racismo

Fotografia de mulher escravizada foi usada na divulgação da cerveja “Cafuza”, da Cervejaria Dogma. Cerveja Cafuza, da Cervejaria Dogma, foi retirada de circulação por acusação de racismo
Reprodução/Twitter
A Cervejaria Dogma, de São Paulo, anunciou nesta sexta-feira (26) que tirou de circulação um de seus rótulos de cerveja preta que usava a imagem de uma mulher escravizada na divulgação.
A fotografia da mulher negra e de cabelos crespos foi feita pelo alemão Albert Henschel, nos anos 1860. O fotógrafo ficou conhecido por fazer retratos de pessoas de origem africana, escravizadas ou livres, ao mesmo estilo estético e altivez dos senhores do século XIX.
Bombril lança esponja de aço ‘Krespinha’, é criticada nas redes e retira produto do site
Acusações de racismo fazem marcas reformularem ou descontinuarem produtos
A imagem, que está em domínio público, foi usada pela cervejaria como ilustração do rótulo da cerveja “Cafuza”. A empresa dizia que a “Cafuza Imperial India Black Ale reflete a miscigenação brasileira em sua receita, assim como os cafuzos resultaram da mistura entre índios e negros, nossa cerveja nasce da mistura entre uma Imperial India Pale Ale com maltes escuros de uma Stout”.
A controvérsia foi apontada pela artista Marina Amaral, no Twitter. Ela fez, recentemente, uma colorização digital da imagem e percebeu o problema quando encontrou a mesma fotografia no rótulo da cerveja.
“Pois é, alguém achou que seria uma boa ideia transformar o rosto dessa mulher escravizada, violentada, explorada e subjugada em imagem ilustrativa de lata de cerveja”, disse.
Criolo e Milton Nascimento comentam os protestos contra o racismo no mundo
A reportagem do G1 não encontrou a cerveja disponível para venda pela internet. Todos os links com anúncio do rótulo estavam indisponíveis. Com a repercussão do caso, a Cervejaria Dogma emitiu nota também nas redes sociais, dizendo que “lamenta profundamente pelo uso da figura de uma mulher escrava”.
“Tendo entendido que erramos, a cerveja foi retirada de circulação imediatamente. Também estamos elaborando estratégias para entender como podemos aprender e colaborar oferecendo espaço de voz sobre o tema”, diz o texto.
Krespinha
Outro caso recente de marketing acusado de racismo foi a esponja inox para limpeza pesada chamada de “Krespinha”, que a fabricante brasileira de produtos de limpeza Bombril retirou do catálogo de produtos de sua página na internet na semana passada.
Nas redes sociais, a marca foi confrontada pela associação aos cabelos crespos, e levou a empresa a ficar entre os tópicos mais comentados do dia.
Internautas lembram ainda que, na década de 1950, a publicidade de uma esponja de aço com o mesmo nome trazia a imagem de uma criança negra.

Tópicos