Jogos estão temporariamente interrompidos após pedido da Ocearch, responsável pelo monitoramento dos animais. Tubarão-branco
Pixabay
Com o mercado de casas de apostas pouco aquecido durante a pandemia do coronavírus devido a paralisação dos principais esportes do mundo, um site de apostas on-line inovou e criou uma “corrida” de tubarões para que os apostadores pudessem tentar a sorte.
Através de dados disponibilizados de forma gratuita e ao público em geral pela Ocearch, uma organização sem fins lucrativos que acompanha os movimentos do animal aquático há anos, a casa de apostas MyBookie aproveitou o período migratório dos tubarões para realizar uma espécie de competição entre os apostadores, segundo reportagem publicada pelo “The New York Times”.
O sistema de apostas semelhante ao de corridas de cavalos começou a funcionar na quarta-feira da semana passada, mas saiu do ar horas depois por um pedido da Ocearch. O motivo: a organização não liberou de forma oficial a utilização de seus dados por parte da MyBookie, embora ela se defenda dizendo que fez contato via Facebook.
Em uma entrevista, Chris Fischer, fundador da Ocearch, disse que só soube da prática do site de apostas após ler um artigo da revista Forbes sobre o evento e pediu para seus funcionários solicitarem a paralisação das apostas.
Ocearch faz monitoramento de tubarões migratórios
Reprodução site Ocearch
A MyBookie acatou o pedido e agora as duas partes conversam para poder viabilizar o projeto em parceria. Não está certo, porém, se as apostas em tubarões irão continuar.
As apostas em animais migratórios não é uma novidade. Em 2015, William Hill, uma casa de apostas inglesa, uniu forças com o British Trust for Ornithology, para fazer apostas sobre aves, mais precisamente em cucos. Na ocasião, a casa de apostas doou mil libras para a organização e teve apoio para incentivar a conscientização sobre a biologia e o coportamento da ave.
“Sem esportes, tivemos que ser mais criativos do que o habitual. O tubarão é um bom animal para isso, ele segue alguns dos mesmos padrões migratórios, para que você possa definir as probabilidades. Nós até sabemos para onde eles vão, mas não sabemos ao certo quando chegarão lá”, afirmou David Strauss (nome fictício do chefe de probabilidades MyBookie’s). Ele pediu para o nome ser preservado por preocupação com a sua segurança.
Flagra feito pelo fotógrafo Steve Bloom, de 58 anos, mostra um grande tubarão branco caçando uma foca na África do Sul. A imagem divulgada pela agência ‘Barcroft Media’ mostra o predador saltando fora d’água para alcançar a presa.
Steve Bloom/Barcroft Media/Getty Images
Entidades que trabalham na preservação de tubarões viram com bons olhos a iniciativa de se realizar apostas com o animal. Melissa Cristina Márquez, cientista de tubarões e fundadora da Fins United Initiative, disse que uma campanha como essa, que pode causar estranheza no início, pode ser uma forma de o público se envolver com os tubarões.
O biólogo marinho Jasmin Graham do Mote Marine Laboratory, acrescenta que pode ter um resultado positivo caso a MyBookie “ofereça doações a pesquisadores de tubarões”.
Outros, porém, entendem que pode haver conflitos éticos em unir duas atividades totalmente distintas: as apostas e a preservação de animais marinhos.
Strauss diz que pretende, caso as apostas sejam oficializadas, que a MyBookie ofereça patrocínio financeiro a Ocearch, embora não acha que as apostas de tubarão vão gerar grandes lucros para a sua própria empresa.
O comportamento dos tubarões
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