Turismo estrangeiro cai 90% no Pantanal de MT durante coronavírus, e onças são vistas mais 'à vontade' thumbnail
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Turismo estrangeiro cai 90% no Pantanal de MT durante coronavírus, e onças são vistas mais 'à vontade'

A situação tem preocupado o setor que trabalha diretamente no turismo, empresários e o governo. Turismo estrangeiro cai 90% no Pantanal de MT durante coronavírus e onças são vistas mais ‘à vontade’
Ailton Lara
O turismo estrangeiro caiu 90% no Pantanal mato-grossense no período da pandemia do coronavírus (Covid-19). O ‘carro-chefe’ do ecoturismo no estado é a observação de onças-pintadas durante passeios de barcos em rios do Pantanal.
O Pantanal mato-grossense é reconhecido pela abundância da vida selvagem em uma área de 140 mil metros quadrados.
A situação tem preocupado o setor que trabalha diretamente no turismo, empresários e o governo.
O ‘carro-chefe’ do ecoturismo no estado é a observação de onças-pintadas durante passeios de barcos em rios do Pantanal de Mato Grosso
Ailton Lara
O afastamento dos turistas deixou as onças ‘mais à vontade’, como contou ao G1 Ailton Lara, que é empresário, fotógrafo e guia de turismo na região de Porto Jofre, em Poconé, a 104 km de Cuiabá.
“Os turistas estão cancelando. Temos em mais ou menos 100% de cancelamento dos turistas internacionais para o mês de julho e 90% para o mês de agosto. Para o mês de outubro, alguns turistas ainda estão resistentes. Eles não querem fazer o cancelamento e torcem para que as coisas melhorem”, contou.
Segundo o secretário adjunto de Turismo de Mato Grosso, Jefferson Moreno, o turismo será o setor que irá retomar as atividades mais tarde.
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A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) estima que, até o momento, 90% das reservas de turistas estrangeiros no Pantanal estão canceladas ou remarcadas.
“Ao longo destes 90 dias de pandemia, os municípios foram responsáveis por seus decretos locais de emergência sanitária. Alguns fecharam tudo logo no primeiro momento, como Poconé, outros decidiram esperar mais tempo, como Cáceres, que também tem turismo para observação de onças”, comentou Moreno.
Para quem precisa sobreviver e trabalha diretamente com a observação dos animais no Pantanal, a alternativa foi buscar outras formas de divulgação.
“Nós estamos nos reinventando e tentando atrair o público brasileiro. Diminuímos os valores e estamos nos readequando para ficar um pacote mais em conta, porque o brasileiro ganha em real. Estamos trabalhando mais aos finais de semana para juntar um grupo para ficar mais barato. O resto da semana a gente fica parado. É mais em conta ficar parado do que ter poucos turistas”, disse Ailton.
Filhote de onça-pintada e a mãe são observados em Porto Jofre, no Pantanal de Mato Grosso
Ailton Lara
Para o secretário, há ainda sentimento de insegurança dos turistas para circular nos atrativos turísticos brasileiros. As reservas que foram feitas em hotéis e demais atrativos também estão sendo renegociadas entre empresários e turistas para remarcação para outra época.
“Acreditamos que as remarcações e cancelamentos das reservas do turismo doméstico passe dos 60%, pois os decretos municipais determinam lotação de 50% apenas, inclusive em barcos-hotéis”, detalhou o representante da Sedec.
Onças à vontade’
A pouca movimentação de barcos nos rios que cortam o Pantanal mato-grossense também provocou mudança no comportamento das onças: para onde foram os turistas?
Os visitantes observam o animal de longe durante passeios de barco em rios do Pantanal.
O melhor período para observar a onça é entre julho e final de setembro, período da seca. Nesses meses as onças ficam mais próximas das margens dos rios em busca de água e caça, então, é mais fácil de deparar com o animal.
O turismo estrangeiro caiu 90% no Pantanal mato-grossense no período da pandemia do coronavírus (Covid-19)
Ailton Lara
Mas o turismo tem regras: é permitida a aproximação de até 10 metros da onça-pintada.
Ailton percebeu que a presença das onças até aumentou nos últimos meses. Sem os humanos passeando em barcos, ela parece estar mais tranquila.
“As onças estão achando muito estranho não ter tantos barcos no rio. A maneira de aproximar delas até mudou um pouco. Antes quando tinham vários barcos você ia direto e parava, ela ficava tranquila. Agora, você tem que chegar aos poucos, ela está se acostumando. Como tem poucos barcos, ela vê o barco com um pouco de medo”, comentou ao G1.
Para o setor, as pousadas são seguras por serem afastadas e não ter aglomeração de pessoas. Mesmo assim, a presença de turistas anda tímida.
Soluções
O governo do estado tenta desenvolver soluções para ‘’vender’’ o turismo de Mato Grosso e articula campanhas com associações do ramo e companhias aéreas que, gradualmente, retomam os voos para o estado.
Neste momento, o setor deve investir em mídias sociais para vender seus atrativos.
“Também estamos realizando, desde maio, uma série de reuniões online com empresários e gestores municipais com diversos temas referentes à retomada. Percebemos que muitos estão trabalhando fortemente nas redes sociais, como Jaciara, Juscimeira, Campo Novo do Parecis. É o caminho neste momento em que as pessoas estão em casa, com tempo, e planejando os próximos destinos”, lembrou o secretário.
O afastamento dos turistas deixou as onças ‘mais à vontade’ no Pantanal de Mato Grosso
Ailton Lara
Na próxima semana, a Sedec deve se reunir com empresários da Transpantaneira e Chapada dos Guimarães para debater alternativas.
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