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Discussão para implantar 5G no Brasil não será só técnica, mas também política, diz Braga Netto

Ministro-chefe da Casa Civil afirmou já ter recebido diretrizes do presidente sobre o assunto. Presidente da Câmara defende participação de empresas chinesas. O ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto: “A discussão não será somente técnica, tá? Entra o lado político”.
TV Brasil/Reprodução
A implantação no Brasil da tecnologia 5G, a quinta geração de internet móvel, não vai obedecer apenas critérios técnicos – questões políticas também serão levadas em consideração, segundo o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto.
“A discussão não será somente técnica, tá? Entra o lado político, avaliação… Exatamente neste pós-pandemia, isso não é um posicionamento nosso – é um posicionamento do mundo inteiro. O mundo inteiro está repensando essas parcerias e tudo mais, tá?  Eu não posso aprofundar muito com o senhor o assunto, mas eu garanto para o senhor. Já tenho, inclusive, diretrizes do próprio presidente no tocante a esse assunto. Mas não é exclusivamente técnica. Tá bom?”, disse Braga Netto, durante um Webinar da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), na manhã desta terça-feira (16).
O ministro afirmou também que já houve a primeira reunião sobre 5G. Segundo ele, do encontro participaram o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, o Gabinete de Segurança Institucional, o Ministério da Economia e Ministério das Relações Exteriores.
Resistência americana
Alguns países têm resistido à implantação de tecnologia de empresas chinesas de comunicação em território nacional.
Em maio do ano passado, o governo americano baniu a empresa de tecnologia Huawei por temer a possibilidade de risco de espionagem chinesa.
Em fevereiro deste ano, o diplomata-sênior dos Estados Unidos, Robert Strayer, pediu que a União Europeia use tecnologia 5G da Ericsson, Nokia e Samsung, em vez de material fabricado pela Huawei.
Esse posicionamento provocou tensões com aliados como o Reino Unido, cujo primeiro-ministro, Boris Johnson, concedeu à empresa chinesa um papel limitado na construção de uma rede móvel 5G.
Strayer disse que os EUA estão incentivando países europeus a pensar cuidadosamente sobre as implicações econômicas e de segurança de avançar com o uso da tecnologia da Huawei.
“Não há como mitigar completamente qualquer tipo de risco, exceto o uso de fornecedores confiáveis de países democráticos”, afirmou Strayer na ocasião.
Infográfico explica o que é o 5G
Fernanda Garrafiel/G1
Maia defende participação chinesa
Rodrigo Maia
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse esperar que a concorrência para decidir quem fornecerá a estrutura de internet 5G no Brasil tenha o maior número de participantes possível.
Mais cedo nesta terça, Maia defendeu a participação dos chineses no certame. A chinesa Huawei é uma das principais empresas fornecedoras deste tipo de tecnologia.
O leilão opõe os chineses aos norte-americanos, que acusam a empresa de sofrer interferência do governo para coletar informações.
Alinhado ao presidente Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro tem dito que a escolha de quem fornecerá a estrutura levará em conta interesses da política externa e segurança dos dados, em recado aos chineses.
“Eu espero que o Brasil tenha uma concorrência com o maior número possível de participantes para que a gente garanta qualidade e preço”, afirmou o presidente da Câmara.
“Esse embate ideológico eu acho que não é produtivo entre parte do governo e o embaixador chinês, e a China e o Brasil. Acho que isso atrapalha o Brasil não apenas nesse leilão, mas pode atrapalhar em outras áreas, principalmente no agronegócio”, disse Maia.
Leilão aprovado
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou, em fevereiro deste ano, a proposta de edital para o leilão da quinta geração de telefonia móvel, o 5G.
Com a aprovação, o edital será submetido a consulta pública por 45 dias e a mais uma votação antes de ser publicado.
No leilão, serão ofertadas quatro faixas de frequência: 700 MHz; 2,3 GHz; 26 GHz; e 3,5 GHz. As faixas de frequências são espectros usados para a oferta de telefonia celular e de TV por assinatura.
A faixa de 3,5 GHz é a que desperta mais interesse das empresas de telefonia, por exigir menos investimento para a implantação da tecnologia.
Segundo a Anatel, o início da oferta do 5G deve iniciar poucos meses após a assinatura dos contratos. A previsão dele é que o leilão ocorra ainda em 2020. O presidente destacou que a data depende do andamento da consulta e do prazo que novo relator precisará para analisar o processo, mas ele acredita que o leilão pode ocorrer em novembro deste ano.
O 5G deve proporcionar velocidade muito maior de internet móvel. Um dos grandes pontos é a ampliação do serviço de internet das coisas (IoT na sigla em inglês).
Atualmente, as operadoras conectam por exemplo máquinas de cartão, monitoraram caminhões e veículos, mas não há muito além disso. A ideia é que o 5G ofereça ferramenta para conectar outros produtos e a custos mais baixos.

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