‘Vamos revisar nossas regras que autorizam a discussão e a ameaça do uso da força por um Estado’, escreveu CEO da rede social nesta sexta-feira (5). Funcionários da empresa criticaram executivo após decisão de não apagar publicações recentes do presidente dos EUA. Marck Zuckerberg
REUTERS/Carlos Jasso
O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, cedeu à pressão e agora diz que vai revisar as regras da rede social que permitiram que polêmicas mensagens do presidente americano, Donald Trump, permanecessem publicadas apesar de seu conteúdo controverso. A mudança de posição do bilionário ocorre após uma semana de tensões internas na empresa.
“Vamos revisar nossas regras que autorizam a discussão e a ameaça do uso da força por um Estado, para ver se devemos aprovar modificações”, escreveu Zuckerberg em seu perfil nesta sexta-feira (5), em uma mensagem dirigida a seus funcionários. E isso inclui “o uso excessivo da força”. “Dada a delicada história dos Estados Unidos, isso requer atenção especial”, acrescentou.
Diferentemente do Twitter, o Facebook decidiu não intervir em uma mensagem de Trump sobre as manifestações antirracistas pelo país na qual que o presidente dizia: “Quando os saques começam, as balas começam”.
Ele estava se referindo aos protestos pela morte George Floyd que em alguns casos terminaram em distúrbios. A morte do segurança negro de 46 anos, em 25 de maio, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, provocou uma onda de manifestações inéditas em décadas contra a violência policial e o racismo nos Estados Unidos.
“Quero reconhecer que a decisão que tomei na semana passada perturbou, decepcionou, ou feriu muitos de vocês”, disse o fundador da rede social.
Nos dias que se seguiram a várias mensagens controversas de Trump, dezenas de funcionários expressaram seu descontentamento com a política de moderação defendida por Zuckerberg, apesar da ameaça que algumas declarações possam representar para a democracia e os direitos humanos.
Alguns funcionários da rede social condenaram Zuckerberg publicamente ou em privado. Na segunda-feira, eles organizaram uma greve virtual e pelo menos dois engenheiros pediram demissão.
‘Apologia da violência’
“O Facebook fornece uma plataforma que permite aos políticos radicalizarem as pessoas e fazer apologia da violência”, protestou um deles, Timothy Aveni.
Em seu texto, Zuckerberg detalhou sete áreas que sua empresa planeja submeter à avaliação, embora tenha especificado “que pode não haver mudanças em todas elas”.
Além do conteúdo sobre o uso da força, ele pretende se concentrar em proteger a integridade das eleições que acontecem este ano nos Estados Unidos. “Estou confiante nas medidas que tomamos desde 2016. (…) Mas há uma possibilidade significativa de que a confusão e o medo atinjam um nível sem precedentes durante as eleições de novembro de 2020, e alguns, sem dúvida, tentarão capitalizar essa confusão”, acrescentou.
Ele também respondeu aos funcionários que acreditam que as minorias estão subrepresentadas na empresa. “Vamos ver se precisamos fazer mudanças estruturais para garantir que os diferentes grupos possam opinar”, completou.
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