Roberto Castello Branco participa de evento on-line da FGV Energia. Prédio da Petrobras no Rio de Janeiro
Sergio Moraes/Reuters
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que, depois de atingir altos níveis de estocagem nos últimos meses, durante a crise desencadeada pela pandemia da covid-19, a companhia opera, hoje, com baixos níveis de estoque.
“A greve em fevereiro nos forçou a acumular estoques e, em pouco tempo, tivemos a crise da covid-19. Conseguimos com as exportações de óleo cru e óleo combustível para bunker [combustível marítimo] eliminar esse excesso de estoque. Hoje, estamos paradoxalmente com estoques baixos. Nossa preocupação é reter vendas para reconstituir estoques mínimos”, afirmou o executivo, durante evento on-line da FGV Energia.
Segundo ele, o recorde nas exportações de petróleo em abril, para cerca de 1 milhão de barris/dia, foi possível graças ao fortalecimento das áreas de logística e marketing externo.
Fim do regime de partilha
Castello Branco disse também que o Brasil possui recursos naturais muito atrativos, mas que precisa traçar um ambiente regulatório mais amigável para garantir investimentos na indústria de óleo e gás. Ele reforçou a defesa do fim do regime de partilha de exploração e produção e criticou as regras “muito rígidas” por parte da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o excesso de tributação sobre o setor.
“A herança geológica é uma condição necessária para atração de investimentos, mas não é suficiente. A condição suficiente é ter um ambiente institucional amigável ao investimento”, afirmou o executivo, durante o evento on-line.
Ele lembrou da recente pressão do setor sucroalcooleiro pelo aumento da tributação sobre a gasolina, que acabou não se confirmando, mas gerou preocupação entre as empresas de óleo e gás, que já trabalham num ambiente “supertributado”.
“O mercado fez rapidamente o trabalho que muitos quiseram que o governo fizesse. A alta do preço da gasolina [em maio] mais que compensou imposto que muitos empresários advogavam para a gasolina”, disse.
Castello Branco destacou que o Brasil é, certamente, “uma das maiores fortalezas de recursos naturais do mundo”, mas que precisa fazer ajustes no marco regulatório.
“O regime de partilha é, do ponto de vista econômico, muito desvantajoso, porque dá um estímulo errado às empresas, que, ao invés da maximização da eficiência, passam a ter como objetivo inflar os custos para reduzir a tributação sobre o lucro”, disse.
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