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Ações da Latam desabam após pedido de recuperação e Chile avalia resgate

Papéis da empresa caíram 36% no fechamento da sessão da Bolsa de Santiago. Empresa informou que o grupo não distribuirá dividendos correspondentes ao exercício de 2019. As ações da Latam, a maior companhia aérea da América Latina, desabaram nesta terça-feira (26), após a companhia solicitar a recuperação judicial nos Estados Unidos para mitigar os efeitos do coronavírus e o governo chileno avalia um resgate por considerá-la “estratégica”.
Os títulos da empresa, surgida da fusão em 2012 entre a chilena LAN e a brasileira TAM, caíram 36% no fechamento da sessão da Bolsa de Comércio de Santiago. Em Wall Street, as ações (ADR) da empresa também perderam quase a metade de seu valor ao voltar a operar na tarde desta terça.
O valor total da dívida a ser reestruturada no processo de recuperação judicial é de US$ 14,9 bilhões.
A decisão da LATAM formalizada nesta terça-feira inclui suas filiais em Chile, Peru, Equador e Colômbia, devido à drástica queda da atividade provocada pela pandemia do novo coronavírus, que obrigou o fechamento das fronteiras em muitos países.
O capítulo 11 da lei de falências nos EUA permite a uma empresa sem condições de pagar suas dívidas iniciar uma reestruturação sem a pressão dos credores.
“Quando a pandemia começou, a Latam entrou nesta crise como um grupo de companhias aéreas saudáveis e rentável”, disse o CEO da empresa, Roberto Alvo, em um comunicado. Antes de a pandemia paralisar o transporte aéreo, a Latam voava para 145 destinos em 26 países e fazia cerca de 1.400 voos diários.
“Mas estamos sujeitos a circunstâncias excepcionais, que levaram a um colapso da demanda global por nossos serviços e atualmente estamos operando aproximadamente 5% dos nossos voos de passageiros”, acrescentou.
Portanto, acrescentou Alvo, “tivemos que tomar medidas difíceis, mas necessárias para garantir nossa sustentabilidade a longo prazo nestes tempos extraordinários”.
A companhia já anunciou a demissão de 1.800 de seus 42.000 funcionários em todas as suas filiais, além da aposentadoria de outros mais.
A Latam continuará voando enquanto estiver nesta situação. A partir de junho, começará gradativamente a retomar suas operações.
As filiais em Argentina, Brasil e Paraguai não recorreram à lei de falências.
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À tarde, a empresa informou que no âmbito do processo voluntário de reestruturação, o grupo não distribuirá dividendos a seus acionistas, correspondentes ao exercício de 2019, previstos para 28 de maio.
“O anterior se explica porque as normas que regem o procedimento do Capítulo 11 impedem à companhia aérea repartir dividendos a seus acionistas enquanto esta se encontre dedicada à renegociação de seus passivos que permitam a continuidade de suas operações e a viabilidade futura”, diz o comunicado.
‘Sentar e renegociar as dívidas’
Segundo o informe financeiro de 2019 da Latam, os passivos da companhia aérea alcançavam US$ 17,958 bilhões.
Seu maior credor é a Wilmington Trust Company, com US$ 777,5 milhões, um provedor de serviços patrimoniais e institucionais do M&T Bank. Segue-a o Citibank, N.A., com US$ 603,1 milhões, segundo o jornal La Tercera.
“A companhia agora pode se sentar e negociar estas dívidas”, explicou Alvo na edição digital do jornal Pulso.
“A lei nos Estados Unidos te permite terminar unilateralmente uma quantidade de contratos, por exemplo, contratos de arrendamento de aviões. Assim, a companhia pode se redimensionar e se adaptar à nova situação da demanda, pelo menos a que veremos nos próximos meses, de uma forma muito mais simples, mais rápida e muito mais eficiente”, acrescentou o executivo.
A companhia aérea americana Delta é a maior acionista da Latam, após a compra de 20% das ações no ano passado por US$ 1,9 bilhão.
O grupo empresarial chileno Cueto e a Qatar Airways – outros dois dos principais acionistas – comprometeram um financiamento adicional de US$ 900 milhões.
Um resgate na mira
A virtual paralisação da aviação civil devido à pandemia dizimou o setor e levou muitos governos a sair ao socorro das companhias aéreas. Até meados de maio, as ajudas governamentais totalizavam 123 bilhões de dólares, estimou nesta terça-feira a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
A Latam anunciou que já “sustenta conversações” com os governos de Chile, Brasil, Colômbia e Peru “para acessar financiamento adicional, proteger empregos, na medida em que seja possível e minimizar a disrupção de suas operações”.
O governo chileno anunciou que “avaliará a conveniência e oportunidade” de apoiar uma empresa que considera “estratégica”, pois gera 10.000 empregos diretos e conta com 2.000 provedores que abrangem um universo de cerca de 200.000 empregos indiretos.
Mas, “qualquer apoio (estatal) a uma companhia não é nunca um apoio aos donos”, advertiu o ministro da Fazenda do Chile, Ignacio Briones.
A declaração se referiu às suspeitas que se abrem perante a relação do presidente chileno, Sebastián Piñera, com a LATAM, da qual foi um dos proprietários e com a qual mantém estreito vínculo, especialmente com o grupo Cueto.
Embora a Latam considere fundamental o apoio governamental, “isto não é suficiente para poder solucionar a crise que temos pela frente com total tranquilidade porque não sabemos quanto vai durar”, acrescentou o CEO da Latam.

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