7 entre os 10 países com mais mortes de defensores ambientais e da terra estão na América Latina; conheça os casos do Brasil thumbnail
Meio Ambiente

7 entre os 10 países com mais mortes de defensores ambientais e da terra estão na América Latina; conheça os casos do Brasil

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Entre os assassinatos do Brasil e do Peru, mais de 70% ocorreram na região amazônica. Povos tradicionais representam metade das mortes brasileiras. Sete entre os 10 países com o maior número de assassinatos de ativistas ambientais em 2020 estão na América Latina. No Brasil — 4º na lista do planeta e 3º na América Latina —, foram 20 mortos, sendo que metade deles integram os povos tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. (Veja a lista das vítimas brasileiras mais abaixo).
10 países com mais mortes de ativistas ambientais no mundo:
Colômbia: 65
México: 30
Filipinas: 29
Brasil: 20
Honduras: 17
República Democrática do Congo: 15
Guatemala: 13
Nicarágua: 12
Peru: 6
Índia: 4
Os dados são de relatório da organização internacional “Global Witness” divulgado neste domingo (12). No mundo, foram 227 pessoas assassinadas que estavam ligadas a questões ambientais e direitos da terra no ano passado. No documento anterior, referente a 2019, o número era menor: 212 vítimas.
Onde eles estavam?
No planeta, 165 vítimas que foram mortas por defenderem suas terras e/ou o meio ambiente estavam na América Latina. O país que lidera a lista é a Colômbia, com 65 pessoas assassinadas — uma pessoa a mais do que em 2019. De acordo com o documento, um terço desses ataques ocorreram contra povos indígenas e pessoas negras do país. Quase metade deles foram contra pequenos produtores agrícolas.
“Em muitas áreas remotas, grupos paramilitares e criminosos aumentaram o seu controle por meio da violência contra as comunidades rurais colombianas, e há falta de ação do estado para protegê-las. Ativistas que procuram proteger a terra e o meio ambiente estão cada vez mais na mira desses grupos, com um risco particular para aqueles que estão em terras indígenas”, aponta o documento.
De acordo com a “Global Witness”, a principal motivação para as mortes de ativistas no mundo é a exploração madeireira. O relatório conseguiu confirmar 23 casos de assassinatos por disputas relacionadas à atividade. Eles ocorreram no Brasil, na Nicarágua, no Peru, nas Filipinas e no México, que contém o maior número: 9 vítimas. Agronegócio e mineração estão ligados a 34 mortes – 17 cada um.
Entre as 30 pessoas assassinadas no México, está o defensor dos recursos hídricos Óscar Eyraud Adams, membro do povo kumiai. Ele foi morto após se opor às indústrias que contribuem para a escassez de água na Baixa California, fronteira com o estado que recebe o segundo nome nos Estados Unidos. Óscar está entre os indígenas mortos por defender a própria terra em 2020: 30 pessoas no total, sendo oito no Brasil.
Quem são os brasileiros?
No Peru e no Brasil, mais de 70% dos assassinatos relacionados à defesa do meio ambiente e da terra ocorreram na região amazônica. Foram 20 brasileiros, sendo oito indígenas e dois ribeirinhos. As causas: disputa de terra, defesa da reforma agrária, combate à exploração madeireira e mineração ilegais, agronegócio, proteção da água e barragens.
Veja abaixo um resumo de quem são as vítimas:
Celino Fernandes e Wanderson de Jesus Rodrigues Fernandes: pai e filho, os camponeses foram atacados dentro de uma residência em Arari, a cerca de 120 km de São Luís, no Maranhão. O governo do estado informou que “trata-se de uma região de conflito generalizado, envolvendo disputa de terras e criação de animais”.
Fernando Ferreira da Rocha: o advogado que atuava na área criminalista foi morto em Boca do Acre, município do Amazonas. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia divulgou uma nota de pesar e confirmou que o caso é tratado como assassinato.
Raimundo Paulino da Silva Filho: o ex-vereador foi assassinado em Ourilândia do Norte, sudeste do Pará. Paulino era trabalhador rural e atuava como liderança comunitária. Era filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Virgínio Tupa Rero Jevy Benites: aos 24 anos, o indígena foi assassinado na Vila Ponte Nova, município de Diamante do Oeste, no Paraná. Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informa que o povo Avá-Guarani segue recebendo ameaças e que mais um indígena foi agredido com extrema violência.
Líder indígena Zezico Guajajara foi encontrado morto na Terra Indígena Araribóia em Arame, no Maranhão.
Divulgação/Cimi
Zezico Rodrigues Guajajara: morto a tiros, ele tinha forte atuação em defesa do território tradicional do povo indígena Guajajara. Como liderança, se posicionava contra a derrubada da floresta e vinha denunciando a crescente presença de invasores e o roubo de madeira.
Ari Uru-Eu-Wau-Wau: morto após diversas ameaças de morte, Ari trabalhava no grupo de vigilância do povo indígena Uru-eu-wau-wau, em Rondônia. A função consistia em registrar e denunciar extrações ilegais de madeira dentro da aldeia.
Ari Uru-eu-wau-wau foi encontrado morto em RO
Reprodução/Kanindé
Damião Cristino de Carvalho Junior: vigilante do Parque Estadual Intervales, em Sete Barras, no interior de São Paulo, morreu em confronto entre a Polícia Ambiental e garimpeiros. O assassinato ocorreu durante operação para encontrar e destruir o garimpo clandestino de ouro.
Antônio Correia dos Santos: o líder quilombola foi atingido com três tiros em casa, na região sul da Bahia. Segundo a Defensoria Pública do estado, “desde 2014, a comunidade quilombola do Barroso vive um conflito quanto à posse de terras com a comunidade do Varjão, formada por pequenos agricultores da área”.
Marcos Yanomami e Original Yanomami: os dois jovens indígenas, de 20 e 24 anos, foram assassinados em Roraima. As vítimas foram atacadas a tiros no meio da floresta por garimpeiros armados.
Carlos Augusto Gomes: o trabalhador rural foi morto a tiros no acampamento Emílio Zapata em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. A principal linha de investigação da Polícia Civil é de que o conflito tenha sido motivado por uma disputa por terras na área.
Kwaxipuru Kaapor: indígena de 32 anos foi encontrado morto à beira de uma estrada perto do limite entre a Terra Indígena Alto Turiaçu e a cidade de Centro do Guilherme, no noroeste do Maranhão. Lideranças da etnia Ka’apor acreditam que o assassinato foi uma vingança de traficantes de drogas porque uma plantação de maconha havia sido destruída durante uma ronda realizada pelos indígenas.
Josimar Moraes Lopes e Josivan Moraes Lopes: vítimas de uma onda de violência e confrontos na região do Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte, a 134 Km de Manaus. São dois indígenas Munduruku.
Mateus Cristiano Araújo, Anderson Barbosa Monteiro e Vanderlânia de Souza Araújo: Vanderlânia e Anderson eram um casal e estavam com filho, Mateus, quando ocorreu o crime. Os três ribeirinhos são vítimas da onda de violência em Rio Abacaxis.
Raimundo Nonato Batista Costa: segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o trabalhador rural foi encontrado morto em Gleba Campina, povoado do município de Junco do Maranhão (MA). A terra é alvo de grilagem e os registros de conflitos agrários são recorrentes.
Claudomir Bezerra de Freitas: Ele era dono de uma área na zona rural de Rio Branco. A cerca que fazia a divisão das terras acabou queimando durante um incêndio. Após a reconstrução do limite, o vizinho não teria concordado e acabou discutindo e, em sequência, atirando contra Freitas.
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