Presidente americano invocou lei dos anos 1950 para que produção fique toda no seu país. Produtos vendidos no Brasil são feitos em fábrica no interior de SP, mas usam insumos importados, explica a empresa. Máscaras do tipo N95 produzidas pela 3M nos Estados Unidos
Reuters/Nicholas Pfosi
A empresa 3M afirmou ao G1 nesta segunda-feira (6) que ainda não tem como afirmar se o Brasil será afetado pela ordem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que a companhia pare de exportar máscaras do tipo N95, usadas na proteção contra o coronavírus, ao Canadá e à América Latina.
A assessoria de imprensa da 3M no Brasil, havia informado inicialmente que as máscaras N95 consumidas no Brasil não são importadas dos EUA, mas fabricadas em uma unidade da empresa em Itapetininga, e que, portanto, a venda no mercado nacional não seria afetada.
Depois, porém entrou em contato explicando que as máscaras, embora manufaturadas no Brasil, são produzidas com insumos importados de cinco países. “Por conta da importação dessa matéria-prima, a 3M ainda não pode afirmar se será impactada ou não com o decreto americano”, explicou a assessoria.
Sem exportações
Na semana passada, Trump invocou a Lei de Produção de Defesa para obrigar a 3M a produzir e vender máscaras N95 para os Estados Unidos na quantidade que o governo julgar necessárias. A lei, dos anos 1950, permite o direcionamento da produção das empresas privadas e foi criada na época porque os americanos temiam problemas de abastecimento durante a Guerra da Coreia.
Trump pediu ainda que a 3M parasse de exportar o produto para o Canadá e a América Latina.
A companhia respondeu que a medida teria implicações humanitárias significativas e que poderia trazer retaliações de outros países.
Sem se sensibilizar, no sábado o presidente dos EUA voltou a defender a retenção de toda a produção em seu país: “Precisamos das máscaras. Não queremos outros conseguindo máscaras. É por isso que estamos acionando várias vezes a Lei de Produção de Defesa. Você pode até chamar de retaliação porque é isso mesmo. É uma retaliação. Se as empresas não derem o que precisamos para o nosso povo, nós seremos muito duros.”
Em resposta a 3M afirmou que ampliou sua produção e que está fabricando o maior número possível de máscaras N95 nas últimas semanas e meses.
Em um comunicado divulgado no domingo, a empresa disse que “A 3M continuará a maximizar a quantidade de máscaras que podemos produzir para os heroicos profissionais da saúde nos EUA e no mundo, como fizemos desde janeiro, quando a crise global começou”.
Nesta segunda (6) a 3M ainda anunciou que vai importar 166 milhões de mascaras nos próximos 3 meses nos EUA, principalmente de sua fábrica na China, para ajudar a corresponder à demanda do mercado americano.
Canadá
Nesta segunda-feira (6), em uma coletiva de imprensa, o premiê de Ontário, Doug Ford, disse que três milhões de máscaras que seriam enviadas à província canadense foram interceptadas por agentes dos EUA na fábrica da 3M em Dakota do Sul.
“Sabemos que os EUA não estão permitindo suprimentos na fronteira”, afirmou Ford.
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